sábado, 1 de outubro de 2016

Índia - Preludio

Hesitante entre apelidar o início desta viagem como sendo em bom rigor aquele que corresponde ao primeiro dia da mesma, opto por o definir como preludio, conferindo a coerência necessária aquele que será, assim o espero, como epílogo, coincidindo com o dia que será, por isso mesmo, o último.

Não sendo tarefa fácil tornar descritivo um dia que, afinal de contas, é passado sobretudo em aeroportos ou dentro de um avião, a opção poderia passar, dessa forma, por deixar o leitor ciente que uma viagem para a Índia - mais concretamente para o destino inicial em Nova Deli - é suficientemente longa para que seja necessário primeiro um voo de duas horas e dez para Londres a que se seguirá um outro, de sete horas e meia, para se chegar ao destino.

Ora, porque fica claro que para esse feito se bastam cinco linhas, então melhor será que se foque a atenção no que significam na pratica essas cinco linhas do ponto de vista pessoal.

É nesse aspecto a palavra que há-de nortear o que seguidamente se escreverá corresponde à palavra sonho.

Essa mesma, aquela que nos transporta para um mundo imaterial em que aquilo que se pensa não tem uma conexão imediata com a realidade, mas onde basicamente tudo será possível.

E, de facto, uma viagem à Índia, com uma passagem pela terra dos Himalaias, o Nepal, permaneceu sempre um objectivo digno dos sonhos, com a esperança que as condições de vida o pudessem num dado momento tornar realidade.

E aqui estou, na expectativa de ouvir a familiar voz que anuncia o início do embarque rumo ao sonho, rodeado de estranhos, expressando-se em diferentes línguas, indiferentes aos demais, sobre os quais me entretenho a imaginar quantos estarão também a cumprir um qualquer sonho.
Para trás ficam os avisos, os conselhos sobre a comida indiana, a higiene local, o trânsito, tudo aquilo que no fundo e no mundo dos sonhos pode tornar-se rapidamente num pesadelo, essa outra forma que o cérebro humano "arranjou" para nos entreter as noites.

Para a frente fica o cumprimento do sonho, perceber na realidade o que nos transmite uma cultura tão diferente é tão distante de tudo aquilo a que estamos habituados, os sons, os cheiros, as gentes.

Perceber que uma viagem é mais do que uma passagem entre dois locais, mas será (ou deverá ser) uma fonte de riqueza imaterial que está para além do custo material da mesma, ainda que este factor esteja longe de ser despiciente, como é evidente.

No dia seguinte, o dia que oficialmente será "baptizado" de dia 1, começará a aventura, e como tal será descrita a cada novo dia.

Sem comentários:

Enviar um comentário