Desengane-se que possa suspeitar que as linhas seguintes serão dedicadas a "alimentar" uma verdadeira fornalha de informação e contra-informação sobre o que se terá passado na fatídica noite da praia do Meco ou mesmo algum ensaio geral sobre os caminhos da praxes nos nossos dias, algo que não tem faltado nos últimos tempos.
Parece-me bem mais interessante reflectir sobre algo que é transversal a este tema e que, creio, permite mais facilmente "perceber" as razões pelas quais - independentemente da mortes - este tema é hoje em dia tão discutido.
Não se pense sequer que esta "recusa" em abordar este tema pelo mesmo prisma em relação à generalidade do tempo e do modo como tem vindo a ser efectuado parte de uma premissa de desconhecer esta realidade pois também eu passei - em tempos idos - pela experiência de ser "praxado" quando formalmente e como "caloiro" fiz a minha entrada na universidade.
Talvez deva, aliás, ser este o ponto de partida para a análise que se segue na medida em que se tornou por demais evidente não ser já esta uma "tradição" de cariz universitária ou académica, pois passou também ela a ser comum em graus inferiores de ensino quando a própria noção de formação superior não será mais do que uma "miragem" ou, dito de outra forma, uma expectativa meramente futura.
Ora, neste alargamento do âmbito deste "ritual" de boas-vindas ou de aculturação de qualquer recém-chegado a um estabelecimento de ensino, está simultâneamente um factor de tradição mas igualmente cultural, ou seja, a presunção de que se chegou a um local e a um momento da vida que definirá - mais do que em qualquer momento anterior - o nosso próprio futuro.
Acontece que se a tradição "já não é o que era" não é menos verdade que a noção de cultura também já deixou de ser passível de entender no sentido em que provavelmente o foi durante largo tempo, isto é, a assimilação pessoal de um determinado estudo ou trabalho intelectual ou, num conceito mais genérico, a interiorização de sabedoria, instrução e do estudo.
A questão é que para se conhecer as tradições é necessário dispor de cultura pois é esta que nos permite dispor da "ferramenta" necessária à sua passagem pelos tempos, sem prejuízo de uma adaptação da sua adaptação a esse mesmo tempo, numa espécie de renovação.
Pode mesmo suceder que esse factor de tradição não exista de todo na medida em que qualquer nova tradição terá necessariamente de radicar num determinado momento que corresponda ao seu inicio que apenas o tempo ditará se passará ou não de geração para geração, sendo tal particularmente evidente no caso português fruto do surgimento de um conjunto relativamente alargado de "novas" universidades que, por definição, não estariam em condições de invocar qualquer tradição anterior à respectiva fundação.
Dessa forma, a ausência de tradição apenas poderá ser colmatada pelo recurso a um noção cultural do objecto e objectivo dessa mesma tradição nos locais onde ela tenha existido, independentemente de se manter ou não "viva" actualmente.
Por isso mesmo, a conclusão "à luz" do que se tem visto e ouvido é que o conceito de "praxe" é hoje em dia - embora seja importante que se diga que nem sempre - uma manifestação evidente da ausência cultura e dos valores mínimos de respeito pelas tradições, pelo simples facto que se desconhecem quais sejam.
É um sinal evidente e preocupante de uma geração que desconhece a separação entre o que é ou não aceitável e que revela uma igualmente preocupante tendência para o desrespeito pelo próximo, sendo que neste caso não é possível sequer invocar a diferenciação etária de tão próxima que ela é.
Creio, portanto, que a preocupação da sociedade em que esta nova geração de "doutores" se insere não deve passar pela abolição do "ritual" das praxes, mas sim pelo reforço de que o respeito pelo próximo é mais importante do que uma qualquer tradição por configurar um direito natural de qualquer pessoa.
Contudo, para que tal possa ser possível é fundamental que essa mesma Sociedade consiga valorizar a o conceito de Cultura numa base de valorização pessoal que, depois de conseguida, será certamente utilizada em beneficio da própria Sociedade e essa será certamente a maior tradição que poderá ser passada para as gerações futuras. Assim vão as cousas.
A questão é que para se conhecer as tradições é necessário dispor de cultura pois é esta que nos permite dispor da "ferramenta" necessária à sua passagem pelos tempos, sem prejuízo de uma adaptação da sua adaptação a esse mesmo tempo, numa espécie de renovação.
Pode mesmo suceder que esse factor de tradição não exista de todo na medida em que qualquer nova tradição terá necessariamente de radicar num determinado momento que corresponda ao seu inicio que apenas o tempo ditará se passará ou não de geração para geração, sendo tal particularmente evidente no caso português fruto do surgimento de um conjunto relativamente alargado de "novas" universidades que, por definição, não estariam em condições de invocar qualquer tradição anterior à respectiva fundação.
Dessa forma, a ausência de tradição apenas poderá ser colmatada pelo recurso a um noção cultural do objecto e objectivo dessa mesma tradição nos locais onde ela tenha existido, independentemente de se manter ou não "viva" actualmente.
Por isso mesmo, a conclusão "à luz" do que se tem visto e ouvido é que o conceito de "praxe" é hoje em dia - embora seja importante que se diga que nem sempre - uma manifestação evidente da ausência cultura e dos valores mínimos de respeito pelas tradições, pelo simples facto que se desconhecem quais sejam.
É um sinal evidente e preocupante de uma geração que desconhece a separação entre o que é ou não aceitável e que revela uma igualmente preocupante tendência para o desrespeito pelo próximo, sendo que neste caso não é possível sequer invocar a diferenciação etária de tão próxima que ela é.
Creio, portanto, que a preocupação da sociedade em que esta nova geração de "doutores" se insere não deve passar pela abolição do "ritual" das praxes, mas sim pelo reforço de que o respeito pelo próximo é mais importante do que uma qualquer tradição por configurar um direito natural de qualquer pessoa.
Contudo, para que tal possa ser possível é fundamental que essa mesma Sociedade consiga valorizar a o conceito de Cultura numa base de valorização pessoal que, depois de conseguida, será certamente utilizada em beneficio da própria Sociedade e essa será certamente a maior tradição que poderá ser passada para as gerações futuras. Assim vão as cousas.