Se o primeiro dia foi "reservado" à zona ribeirinha da cidade quer do lado de Gaia quer do lado do Porto - a Ribeira - já o segundo dia tinha como destino a parte alta da cidade e, por isso mesmo, simbolicamente o atravessamento entre as margens foi feito pelo tabuleiro superior da ponto D. Luís I, com a sua vista arrebatadora muito embora, diga-se, não faltem algumas imagens desoladoras de edifícios em ruína.
Uma vez chegados "à outra margem" deparamo-nos com os vestígios da muralha fernandina, igualmente visíveis noutros pontos da cidade, mas claramente uma imagem reduzida da sua extensão original.
Bem perto da muralha fica a igreja de Santa Clara que, segundo se refere nos guias, será das mais bonitas do Porto. Contudo, tal informação terá de fixar guardada no imaginário de cada um de nós uma vez que se encontra fechada para obras não obstante o facto de bem ao lado da sua porta constar um edital que anuncia o fim das obras para Setembro....de 2015.
No lado oposto à esta igreja fica a Sé do Porto, mirando toda a cidade.
Tratando-se de um monumento símbolo da cidade não é, contudo, aquele que possa ser considerado como o "mais bonito" no seu interior. A sua austeridade e relativa pouca riqueza decorativa retiram algum do esplendor que seria expectável num monumento com estas características.
A partir deste local descesse pelas pitorescas ruas do monte da Sé até se chegar à rua das Flores onde fica situado aquele que foi considerado - com toda asubjectividade que isso acarreta - o melhor museu em Portugal, o Museu (e respectiva igreja) da Misericórdia do Porto.
Trata-se, sem sombra de dúvida, de um belíssimo museu, cujo ex-libris é o quadro da escola flamenga intitulado "Fons Vitae" ou Fonte da Vida, uma imponente obra é uma referência ao nível, por exemplo, dos painéis de São Vicente no museu de Arte Antiga em Lisboa.
Creio, pelo reduzido número de visitantes no momento em que eu próprio o fiz,que se trata de um espaço que ainda carece de ser "descoberto" pelos turistas de outras nacionalidades mas também por parte dos portugueses.
Segue-se uma subida até a estação de comboios de São Bento, cujo hall de entrada justifica a sua fama por apresentar a suas paredes repletas de enormes azulejos alusivos aos descobrimentos e ao infante D. Henrique em particular. Um belíssimo espaço.
Ali bem perto e após nova subida encontra-se a igreja paroquial de Santo Ildefonso, com as suas paredes em azulejo azul com temas necessariamente de índole religioso mas a necessitarem de uma intervenção de restauro.
Os dois locais seguintes embora nada tenham em comum apresentavam as mesma caracteristica, isto é, encontravam-se encerrados ao público.
O primeiro dos locais corresponde ao famoso Café Magestic cuja fachada exterior antecipa a riqueza da decoração do interior mas que infelizmente ficará por confirmar presencialmente.
O outro local igualmente fechado seria o o popular mercado do Bolhão, o animado mas algo decadente ponto de encontro dos diferentes pregões com que cada vendedor anuncia aquilo que tem para oferecer.
Quase nas traseiras deste mercado fica situada a Capela das Almas também ela ricamente decorada com azulejo azul, mas também ela encerrada ao público.
Aqui chegados impõe-se uma reflexão: nunca percebi e julgo que não chegarei a perceber por faltar que o explique, o motivo pelo qual este tipo de locais nomeadamente de culto se encontram não raras vezes encerrados ao público, abrindo quase exclusivamente para as respectivas cerimónias religiosas.
Não faz aparentemente sentido este distanciamento relativamente a uma procura culturalmente interessada. Se o caso se prende com os custos associados à vigilância haverá certamente maneiras mais ou menos inteligentes de assegurar fontes de receitas decorrentes da procura destes espaços.
As cidades têm orgulho nos seus monumentos e naquilo que eles podem proporcionar enquanto factor de desenvolvimento económico. Fechar as portas por sistema é "convidar" todos aqueles que procuram melhor conhecer a cidade e as suas igrejas a expressar a sua decepção nos diferentes meios que tornam este mundo casa vez mais global.
Após uma pausa para o almoço seguiu-se nova passagem pela Praça da Liberdade em direção à Avenida dos Aliados, ladeado por imponentes edifícios de singular beleza destacando-se no seu topo o imponente edifico da câmara municipal do Porto, com a estátua de Almeida Garrett em frente.
Nas suas traseiras fica a igreja da Trindade, cuja fachada antecipa o anterior, facto que não foi possível comprovar por se encontrar....fechada.
Se esta igreja (entre diversas outras que não serão referidas) se encontrava encerrada, o mesmo não se pode dizer das igrejas do Carmo e das Carmelitas que têm a particularidade - diria singular - de estarem literalmente pegadas uma na outra, lado-a-lado e com estilos perfeitamente distintos, sendo a do Carmo mais rica do que a das Carmelitas.
A poucos metros deste local fica a livraria "do momento", a livraria Lello e Irmao, cuja afluência de público obrigou à cobrança de uma entrada que, contudo, pode ser descontada na compra de um livro.
A associação desta livraria à saga do Harry Potter e o recente restauro exterior (o interior também já precisava) faz com que seja extremamente difícil circular no seu interior, nomeadamente na famosa escadaria onde quase toda a gente faz questão de tirar uma fotografia.
Em abono da verdade deve, ainda assim e com toda a justiça, salientar-se o facto de se tratar de uma da mais bonitas livrarias do mundo é isso, só por si, já justifica a visita.
Atravessando literalmente a rua fica um dos outros símbolos do Porto, a igreja mas sobretudo a torre dos Clérigos com os seus 76 metros de altura, visitáveis, permitindo uma desafogada vista de 360 graus sobre a cidade, se bem que para que tal aconteça se tenha de penar por uma longa escadaria, com inúmeras paragens "para deixar passar" aquelas que tendo terminado a visita pretendem agora descer.
Tem igualmente uma exposição subordinada â figura de Cristo que justifica a opção pelo bilhete conjunto.
O último ponto de visita correspondia à igreja de Nossa Senhora da Vitória, apenas visitável por marcações e em grupo, motivo pelo qual não foi possível conhecer o respectivo interior embora conste como sendo das mais belas da cidade do Porto. Não poderei, lamentavelmente, atestar tal facto nestas linhas.
Após um curto descanso no apartamento após uns longos 13kms de caminhada era chegada a hora de jantar e a escolha recaiu numa refeição de peixe num restaurante em Matosinhos que bem conheço - o Cais 51 - que uma vez mais não me desiludiu e que recomendo vivamente, inclusive pela simpatia do dono e do à vontade do trato com os Clientes.
O terceiro dia será passado noutra zona da cidade.