Os
seres humanos procuram de todas as formas, maneiras para obter a felicidade
plena.
A
frase com que este breve texto se inicia não é minha, nem tão pouco tenho
qualquer pretensão em usurpar a sua paternidade à custa daquele que, de forma
mais ou menos anónima, a terá pronunciado pela primeira vez.
Será
apenas o mote para o que se há-de seguir procurando dessa forma concluir que,
em determinados momentos da nossa vida, parecer ser mais fácil conseguir que
alguém, de forma não necessariamente genuína, nos facilite, ainda que de forma
aligeirada, essa mesma procura, fazendo chegar até nós uma parcela da referida
felicidade.
Refiro-me,
no caso vertente, a um período relativamente curto mas ainda assim indefinido
na sua duração que antecede qualquer acto eleitoral em que um conjunto de
personalidades - mais ou menos conhecidas - surge publicamente a prometer de
tudo um pouco mas que, no essencial, se reconduzirá a uma presuntiva melhoria
da condições de vida das pessoas, seja numa perspectiva colectiva
ou meramente particular.
Esse
período, quando coincidente com as eleições autárquicas, traz para a
"primeira fila" um vastíssimo campo de oportunidades de cada cidadão
poder ser confrontado com a face mais visível daquilo que se convencionou
chamar de populismo.
Não
falo sequer daquela "célebre" tendência para aproveitar o último ano
de mandato para iniciar quase todas as obras que deveriam ter principiado logo
no seu inicio, nem tão-pouco do evidente esbanjamento de dinheiros públicos em
empreitadas de duvidoso gosto mas sobretudo de muito questionável utilidade
para o cidadão-comum.
Nesta
altura, parece-me circunstancialmente mais adequado abordar a actuação daqueles
autarcas ou candidatos a tal lugar que, de uma forma dissimulada, decidem
"comprar" os votos dos eleitores das suas regiões, fazendo uso
de um altruísmo de conveniência, através da "ofertas" feitas
directamente a esse mesmos eleitores.
Recordo-me,
em particular, da "famosa" cena do Major Valentim Loureiro que
em 1993 haveria de conquistar a câmara de Gondomar após uma campanha eleitoral
que seria então apelidada para memória futura como
a "campanha dos eletrodomésticos", pelo facto do futuro
presidente de câmara ter distribuído diversos utensílios de cozinha pelos
habitantes de Gondomar, de forma quase graciosa, não tivesse
essa benesse a perspectiva imediata de ser compensada com um voto nas
urnas.
A
recordação deste "episódio" reconduz-me nos tempos que correm, isto
é, a pouco tempo de um novo acto eleitoral autárquico, à noticia de que o Dr.
Luís Filipe Menezes terá pago "rendas e outras despesas a moradores da
Invicta com dificuldades económicas" (sic).
Para
além do facto já de si "suis generis" de, aparentemente, este
pagamento ter sido efectuado no seu gabinete na câmara que actualmente preside
e que fica precisamente do outro lado do rio, será forçoso concluir que
a mesma pessoa que em tempos não muito remotos apareceu na televisão
acompanhado da família clamando ao vento em lágrimas que não "queria saber
mais de política" (sic) por estar a ser investigado num processo de
pagamento de umas "viagens-fantasma" por parte de entidades
pouco transparentes, encarna na perfeição o espirito populista a que atrás me
referi.
Aliás,
em matéria de choro não haveria de ficar por aqui a especial sensibilidade do
Dr. Luís Filipe Menezes foi também nesse estado que, anos mais tarde, haveria
de abandonar um certo congresso do seu partido após ter apelidado boa parte dos
seus próprios correligionários de "sulistas, elitistas e liberais"
(sic), facto que não impediu que viesse posteriormente a liderar esse mesmo
partido onde não haveria de ficar mais de um ano, acossado internamente
"por todos os lados" fruto de uma manifesta incapacidade de
liderança.
A
verdade é que se os gatos têm - diz a lenda - sete vidas para viver antes de
morrer, o Dr. Luís Filipe Menezes parece evidenciar uma capacidade de
"renascer" logo após cada uma das suas diversas quedas, pelo que não
foi de estranhar que tal tivesse sucedido uma vez mais quando regressa
triunfante à frente dos destinos da Câmara de Vila Nova de Gaia, onde haveria
de permanecer durante 3 mandatos consecutivos, até que a conjugação de uma lei
de limitação de mandatos que cada um parecer interpretar de maneira distinta e
a sua própria ambição o fazem atravessar a ponte em direcção à segunda
cidade mais importante do país.
Para
trás fica uma gestão financeira da câmara de Gaia que coloca esta edilidade no
segundo lugar do pódio entre as câmaras mais endividadas de Portugal e, a
avaliar pela forma como agora e sem sequer ter sido eleito parece querer gerir
o dinheiro público por via das alegadas "ofertas" de dinheiro
- a que se junta um número significativo de promessas a
suportar, quase em exclusivo, pelo erário público - que, dentro
em breve, irá a capital do Norte ultrapassar o nada invejável
registo de Vila Nova de Gaia, excepto se, até lá e tal como ele
gostaria, não tiver passado a existir uma única cidade que nem o
rio conseguirá separar.
A
avaliar pelas intenções de voto que lhe atribuem uma vitoria nas próximas
eleições autárquicas impõem-se que retome agora a frase inicial,
pois dessa forma tornar-se-á mais fácil concluir que as pessoas
parecem, de facto, perseguir continuamente uma felicidade que
basicamente é motivada pelas nossas próprias expectativas mas, em
demasiadas circunstâncias, pela ganância que é colocada à sua frente por alguns políticos.
Assim vão as cousas.