segunda-feira, 25 de novembro de 2013

São Silvestre de Lisboa 2013

A última corrida do ano esteve para não acontecer devido a um problema de saúde denominado Síndrome da Banda Ilio-tibial também conhecida por "Síndrome do Corredor" que, em bom rigor, faz com que a partir de determinada distância ocorra uma inflamação da banda iliotibial, provavelmente provocada pela falta de flexibilidade da banda ílio-tibial. 








Por isso mesmo o objectivo para esta corrida era conseguir terminar - de preferência sem dores - e, se possível, dentro dos 60 minutos. 


Apesar das dores intensas a partir do 6 km foi possível concluir a prova dentro do objectivo, muito à custa de um "reforço" da carga no pé direito, com um tempo de chip de 57:41 a que corresponde um tempo oficial de 58:28. 


Na geral um lugar 3979 entre 6535 participantes e um 742 lugar entre 968 participantes do escalão "veterano 2". 






Agora é recuperar para enfrentar novas corridas/desafios em 2014.

Corre Jamor 2013

À 10ª corrida um quase passeio pelo campo nos limites da cidade de Lisboa, num percurso bem diversificado, sinuoso e com suficientes subidas para tornar esta prova uma das mais duras na qual já participei.



Ainda assim uma das provas mais interessantes "so far" com muito frio à mistura. 


Um 733º lugar na geral entre 1428 participantes e o 121º lugar entre 203 participantes no escalão "veterano 2" são o reflexo de uma prova a meio-termo entre o cansaço e a convicção de ser possível fazer melhor, com um tempo oficial de 57:05.



domingo, 24 de novembro de 2013

O auto da estupidez


A liberdade de expressão é uma das consequências prácticas de qualquer estado de direito democrático e, no essencial, atribui a cada um o direito de se expressar livremente, sem que por tal facto possa vir a sofrer consequências desfavoráveis para si próprio.
Pessoalmente, actuo neste espaço precisamente no pressuposto que atrás referi sabendo, contudo, que a referida liberdade não é incondicional, não no sentido de se encontrar limitada enquanto conceito abstracto, mas porque em termos concretos, a minha liberdade não deve colidir com igual liberdade de outrem, condicionando-a ou limitando-a.
Dessa situação resultaria uma óbvia subversão do princípio que lhe subjaz e, não querendo contribuir para uma tal alteração deste paradigma, procuro não recorrer ao insulto “fácil” ou sequer ao “lançamento” de falsos argumentos, não só pela convicção de que dessa forma seriam facilmente rebatidos, mas igualmente pela percepção de que não é justificável procurar “chegar” a uma determinada conclusão com base em argumentos pouco credíveis.
Tal facto não impede que, semanalmente, emita a minha opinião e os argumentos que a fundamentam e que os mesmos sejam – espero sinceramente – passíveis de gerar opinião contraditória, ainda que consciente de que o espaço que escolhi para o efeito dispõe de uma menor exposição mediática do que outros canais.
A este respeito dediquei-me a analisar a recorrente tendência para algumas personalidades, mais ou menos relevantes da nossa vida pública, para emitirem opiniões de natureza pessoal rapidamente apelidadas de “polémicas” porque, no essencial, remetem quase todas elas para uma visão – igualmente pessoal – da contextualização social do actual período de crise.
E fazem-no – aparentemente – sem qualquer pudor, “atravessando” dessa forma a “fronteira” inicialmente referida em que a opinião pessoal ofende directamente um conjunto alargado de pessoas que são normalmente o “alvo” de tais polémicas.
A parte relativamente curiosa da questão é que a reacção “viral” (conforme é corrente apelidar-se nos tempos que correm) é quase sempre unanime em repúdio de tais afirmações o que, poderá significar uma de duas coisas: ou a pessoa que as profere está errada ou todos os demais estão enganados e, nestas coisas, cada um que escolha a versão que mais lhe agradar.
A celeridade com que, nos tempos mais recentes, este tipo de afirmações tem vindo a ser veiculado torna, porém, difícil uma selecção “justa” em função do respectivo grau de importância ou, no caso vertente, da reacção que delas emergiu, pelo que a opção correcta será a de contextualizar de forma abstracta essas mesmas afirmações.
Dessa forma e no que toca à política salarial portuguesa retenho a afirmação (entre muitas outras) do falecido Dr. António Borges que, do alto do seu “magnífico” salário, afirmava que “diminuir salário não é uma política é uma urgência”. Contudo, este “princípio” não era universal já que para alguns sectores – nomeadamente para os políticos – a resposta à questão se deveriam ser melhor remunerados foi, sem hesitação, que “não tenho dúvida nenhuma”.
Ainda de acordo com este especialista em frases infelizes não haveria um “regime melhor do que a ditadura iluminada”, citando a esse propósito o exemplo de Singapura, curiosamente um Estado onde vigora uma modelo de sociedade que não é certamente um paradigma de democracia.
Neste mesmo aspecto da moderação salarial veio mais recentemente a terreiro o economista João César das Neves afirmar que o aumento da retribuição mínima seria a pior forma de “estragar a vida aos pobres”, apelidando mesmo de “criminoso” a ideia de criação de um movimento de opinião que defenda esta medida.
Não adianta contestar que em si mesmo a afirmação é contraditória pois não se perceberá de que forma a vida de alguém que já é catalogável como pobre possa ter a sua vida ainda mais “estragada” pelo simples facto de lhe aumentarem a remuneração (mínima).
Parece, alias, que este tema é demasiado “rico” para sobre ele dissertarem poucas pessoas e, nesse aspecto, também o Eng. Belmiro de Azevedo – um dos homens mais ricos de Portugal – afirmou em tempos que “sem mão-de-obra barata não há emprego”.
Não posso, por fim, deixar de referir a expressão recente da romancista cor-de-rosa Margarida Rebelo Pinto que, entre outras preciosidades” afirmou a sua “repulsa” por quem – legitimamente, presume-se – se manifesta contra os cortes salariais porque no seu entender ela própria “como toda a gente” teve cortes e que nada mais nos resta do que “aprender a viver com menos”.
Diga-se, contudo, que a própria condição de pobreza parece ser “fonte” de alguma verbalização menos conseguida e, também aqui, por mais do que uma “personalidade” pública.
Veja-se o exemplo de Cristina Toscano Rico, da família Espirito Santo (uma das mais abastadas de Portugal) que afirmou a propósito da praia da Comporta que ali se vivia “em estado mais puro” para a seguir referir que tal seria como “brincar aos pobrezinhos”.
Não obstante e em abono da verdade a própria autora desta expressão haveria mais tarde de pedir desculpas pela infelicidade “descontextualizada” das suas afirmações. É coisa rara, mas fica bem.
Voltando a João César da Neves ficámos a “saber” que a situação de pobreza será, no que toca “à maior parte dos pensionistas” uma situação mais aparente do que real, uma vez que na sua opinião eles estarão apenas a “fingir que são pobres”. Pelo menos assim será na sua cabeça de faz-de-conta.
Por estranho que pareça até aqueles cuja actividade é a assistência aos mais desfavorecidos e que para tal necessitam de forma permanente da caridade alheia parecem ter uma opinião que mesmo aqueles que prestam essa mesma caridade terão de aprender a viver “mais pobres”, de acordo com a opinião da Dra. Isabel Jonnet do Banco Alimentar contra a Fome, porque têm vivido “muito acima das possibilidades” e para que não restam dúvidas ilustra a mensagem com uma imagem tão infeliz como absurda de que “se nós não temos dinheiro para comer bifes todos os dias, então não comemos bifes todos os dias” ainda que não se perceba bem a quem é que se estará a referir em concreto que tenha uma tal ementa tão pouco variada sem ter dinheiro para tal.
A presente “ilustração” não ficaria completa sem uma referência ao entendimento que alguns destes indivíduos têm sobre o alcance da austeridade e os respectivos impactos no progressivo empobrecimento da sociedade.
Ficou, a este propósito, tristemente célebre a opinião do banqueiro Fernando Ulrich que o país deveria “aguentar mais austeridade” e se algo ficou para memória futura dos portugueses foi a resposta que se seguiu à questão se os portugueses aguentariam mais austeridade reforçando o entendimento que “ai aguenta, aguenta”.
Mas é preciso perceber o porquê desta convicção. É que, no seu entender, “se os sem-abrigo aguentam porque é que nós não aguentamos?” referindo que a ele próprio poderia suceder passar do estatuto de banqueiro-rico para um sem-abrigo indistinto entre os demais afirmando que “isso também nos pode acontecer”. Em teoria, claro.
Nada parece deter a ansia de lançar atoardas sobre tudo e todos e por isso não é de estranhar o entendimento de João César das Neves que o Tribunal Constitucional funciona “em termos políticos” com argumentos baseados em “princípios genéricos de igualdade e outras coisas” ou que a etérea Margarida Rebelo Pinto se revele “profundamente triste” por assistir a manifestações que apenas servem para “interromper e tentar perturbar o trabalho daqueles que neste momento governam o país”. Elucidativo.
O mais grave de tudo isto é que parecem não restar dúvidas sobre a convicção com que este tipo de afirmações é produzida, podendo mesmo assumir uma carácter quase religioso tomando por exemplo a convicção do empresário Alexandre Soares dos Santos que, em 2011, afirmava que a entrada do FMI em seria “uma bênção” para Portugal. Ámen.
A meu ver e em resumo, o que está por detrás de todos estes “pensamentos” não é o desejo de uma polémica inútil mas sim a assunção despudorada de convicções pessoais que constituem uma perigosa inversão dos valores que devem guiar uma sociedade democrática onde, entre outros aspectos, se respeite e proteja aqueles que mais necessitam e o direito daqueles que exigem precisamente esse respeito e protecção. Assim vão as cousas.

domingo, 17 de novembro de 2013

O trevo da sorte

Diz a tradição que encontrar um trevo-de-quatro-folhas é sinal de boa sorte, porventura associado ao facto se tratar daquelas "anomalias" da natureza na medida em etimologicamente um trevo, isto é, "três folhas" não pode (ou não deve) ter "quatro folhas" e manter ainda assim o mesmo nome, como de facto acontece.

Mas de onde surge, afinal, este aparentemente inusitado interesse sobre o mundo das plantas?

Resulta do facto da tradição a que me refiro ser uma tradição Celta, ou seja, aqueles mesmos que actualmente reconhecemos por República da Irlanda e que se preparam para completar em 15 de Dezembro próximo o respectivo programa de ajustamento, dispensando qualquer nova forma de ajuda externa, seja ela em forma de resgate ou de "programa cautelar", mesmo não se percebendo bem qual a diferença entre as duas.

Ora, de acordo com a minha perspectiva e contrariamente ao que algumas "vozes" do Governo e dos partidos que o suportam, a decisão da Irlanda é, infelizmente, uma má notícia para Portugal, curiosamente também na semana onde o país saiu da denominada "recessão técnica" ainda que em termos homólogos, isto é, naquilo que é verdadeiramente comparável, se perceba que o PIB contraiu de facto 1%, ou dito de outra forma menos "simpática", a economia portuguesa continua a destruir riqueza. 

Perguntar-me-ão - e com toda a justiça - porque é que a boa notícia da Irlanda é uma má noticia para Portugal?

Fundamentalmente porque Portugal desde cedo entendeu ser de toda a conveniência para si próprio "colar-se" à Irlanda por oposição à "colagem" que tendencialmente se ia fazendo de que haveria mais factores de coincidência entre a realidade portuguesa e o desastre grego do que com os mais do que evidentes sinais de que, passo a passo, a Irlanda lá ia recuperando a sua economia.

Acontece que essa colagem não é sequer intelectualmente honesta, porque em momento alguma o "processo" irlandês foi comparável com o "processo" português, na mesma medida em que existem muito mais factores que distanciam os dois países do que aqueles que os aproximam.

Desde logo a crise Irlandesa tem a sua origem numa crise bancária, fruto de uma excessiva exposição a produtos financeiros baseados no "sub-prime" dos EUA facto que, tal como sucedeu noutras "paragens", haveria mais tarde de expor as fragilidades do sistema financeiro irlandês o que a partir do inicio da crise financeira internacional em 2008.

Por esse mesmo facto a intervenção da "troika" centrou-se na reestruturação do sistema financeiro, através da recapitalização dos bancos, ainda que, tal como em Portugal, os contribuintes tenham sido "chamados" a suportar uma parte dos custos.

Importa, contudo, ter presente que o PIB irlandês cresceu em média 5,5% ao ano, entre 1987 e 2007 e que, por exemplo o investimento directo estrangeiro em sectores tecnológicos era 10 vezes superior ao da União Europeia em 2003, resultando de uma estratégia de "troca" entre entre uma politica de contenção salarial por baixos impostos.

Não era este o "cenário" em Portugal que, diga-se, não estava sequer exposto ao sub-prime, mas onde os sinais da crise são de certa forma coincidentes com o momento da adesão à moeda única, assente num modelo económico que privilegiava os denominados bens não transacionáveis e uma forte dependência do crédito externo e, por fim, uma politica de investimentos públicos de reduzida eficiência.

A "reboque" da crise financeira internacional de 2008 e da subsequente flexibilização das metas do déficit público assistiu-se durante o ano seguinte a um forte investimento público que teve como consequência uma "desconfiança" dos (quase) sempre atentos mercados relativamente à sustentabilidade da divida soberana portuguesa, situação que haveria de agravar-se por via do que já então se passava na Grécia.

Também aqui o programa de assistência financeira a Portugal foi totalmente distinto do que haveria de ser "desenhado" para a Irlanda, tendo como objectivo a consolidação orçamental que haveria de ser feita, quase em exclusivo, à custa do aumento de impostos (solução mais rápida) em detrimento da contenção da despesa pública (solução mais demorada), do qual resultou o efeito conhecido de aprofundamento da recessão, com o inevitável aumento do desemprego e da emigração.

Tudo o resto é conhecido e demasiado complexo para "caber" em tão breves linhas, mas o que é hoje demasiado evidente é que o modelo da "troika" para Portugal é contraditório em si mesmo, pois ao gerar maior recessão determina a diminuição da receita só passível de ser compensada por novos aumentos de impostos e de outras forma de contribuição o que, provavelmente, aprofundará essa mesma recessão.

Talvez por isso mesmo e certamente por outros motivos a Irlanda que, diga-se, tem cerca de metade da população portuguesa e um salário mínimo três vezes superior ao português, estará hoje em dia a financiar-se nos "mercados secundários" a dez anos com um taxa de juro de 3,5% ao passo que Portugal, para esta mesma maturidade, se está a financiar pagando um juro acima de 6%.

Em suma, percebe-se que Portugal "veja" na Irlanda um modelo a seguir, mas a realidade diz-nos que, muito provavelmente, vamos ter de continuar a procurar o nosso "trevo-de-quatro-folhas" por mais algum tempo, sem se saber bem até quando. Assim vão as cousas.

domingo, 10 de novembro de 2013

Publicidade enganosa


Num curto espaço de tempo os portugueses foram confrontados com duas notícias que nada tendo, em abstracto, uma a ver com a outra são, de acordo com a minha interpretação, causa e consequência de uma mesma temática, ou seja, o desemprego em Portugal.

Num primeiro momento conheceu-se a decisão do Tribunal Constitucional (TC) que, com uma considerável distância em relação ao pedido de fiscalização, chumbou algumas normas do Código de Trabalho relacionadas com a extinção do posto de trabalho, com o despedimento por inadaptação e com a sobreposição da lei em relação aos contratos colectivos no que respeita ao descanso compensatório e à majoração das férias.

O TC considerou que as normas analisadas violavam a proibição de despedimentos sem justa causa, o direito dos sindicatos à contratação e ainda a norma que determina que a lei só pode restringir os direitos, liberdades e garantias “nos casos expressamente previstos na Constituição, devendo as restrições limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos”.

Mais recentemente, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) tornou público um relatório – arrasador, diga-se – para a situação laboral em Portugal em que, desde o início da crise em 2008, se perdeu um em cada sete empregos, com especial enfoque entre os trabalhadores jovens e as famílias com crianças pequenas.

Ora, a parte em que ambos os temas coincidem é que o relatório da OIT centra uma parte substancial da sua análise às mudanças introduzidas no Código de Trabalho que, entre outras questões, procurava promover acordos ao nível da empresa, entre os empregadores e os trabalhadores, sendo que – paradoxalmente – o que tem verificado é precisamente uma redução geral da cobertura das convenções colectivas.

A consequência directa desta redução é, por conseguinte, o aumento da pressão para a redução dos salários que tem, conforme é público e notório, um efeito directo na contracção da procura interna.

Acontece que a solução para esta questão é, necessariamente, de natureza política, nomeadamente na definição das denominadas “políticas de promoção do emprego, que deverão criar e facilitar as necessárias condições para que os desempregados voltem a trabalhar, incluindo (conforme refere a OIT) por via da melhoria dos salários (incluindo o salário mínimo nacional) e das condições de trabalho que estimulam o crescimento da produtividade e, a médio prazo, a recuperação do emprego.

Neste aspecto a OIT não se limita a enunciar os princípios gerais necessários à inversão do actual panorama, sugerindo medidas para alcançar esse desiderato, destacando, em particular, o aumento das despesas com medidas activas do mercado de trabalho.

O efeito directo desse investimento seria, no imediato, o aumento da despesa pública e do deficit fiscal. Contudo, a redução do desemprego terá um efeito positivo num segundo momento com a redução das despesas com o subsídio de desemprego e, por arrastamento, o aumento da colecta de impostos directos sobre o rendimento sem que tal resulte, como até aqui se tem verificado, pelo aumento dessa mesma carga fiscal.

Não tem sido, contudo, esse o entendimento e orientação do Governo que, à luz do princípio da rápida redução do deficit público enveredou por uma política de cortes nos salários e nas prestações sociais, combinados com certos aumentos fiscais, do qual não poderia resultar outra coisa que não fosse a diminuição dos rendimentos das famílias e da procura interna e, por arrastamento, dos lucros das empresas.

Talvez por isso mesmo não pareça haver um grande “entusiasmo” na actual tendência para a redução da taxa de desemprego, seja pelo facto das perspectivas continuarem assustadoramente negativas – o orçamento de Estado para 2014 prevê uma taxa de desemprego de 17,7% - mas também pela convicção que essa redução não se deve ao aumento do emprego.

Deve-se, acima de qualquer outro factor, à forte redução da população activa em Portugal fruto da conjugação do efeito da emigração e do abandono – puro e simples – do objectivo de “arranjar emprego”, ou seja e em termos concretos, a redução do número de desempregados nos centros de emprego é consideravelmente inferior ao número de pessoas que nesse mesmo período perdem o respectivo emprego (*).

Para que se perceba exactamente o alcance práctico deste “cenário”, poder-se-á admitir que teoricamente e num futuro não muito distante, a taxa de desemprego seja nula pelo efeito da ausência de população activa, simplesmente porque seremos demasiado novos ou demasiado velhos para trabalhar. Assim vão as cousas.

(*) No terceiro trimestre deste ano foram registados menos 34,3 mil portugueses desempregados, mas o número de postos de trabalho destruídos nestes três meses foi de 102,7 mil (fonte: INE). 

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Corrida Montepio 2013

Se é relativamente fácil falar quando as coisas correm bem o mesmo não se passa quando sucede o contrário. 





Apesar disso, devo reconhecer que a última prova deste mês ficou um pouco aquém das minhas expectativas em termos de tempo (embora seja um sentimento comum aos restantes "clientes" que me acompanham nestas provas) talvez por, contrariamente ao que seria de esperar, o percurso totalmente plano exigir um ritmo mais constante do que aquele que eu posso "dar".



Por isso um 1842º lugar entre 3754 atletas com um tempo oficial de 56:07 e um 313º lugar no escalão não é mau... mas podia ser melhor. 

domingo, 3 de novembro de 2013

Comédia de enganos


A aparente contradição entre um qualquer facto de comédia e o acto de enganar alguém é, em si mesmo, uma aparente contradição mas foi precisamente esta a base de uma tipologia de enredos em que o engano, o faz-de-conta, a encenação, o deslumbramento, as paixões ou a própria verdade – porventura o mais duro de todos os enganos – é o motivo gerador do riso alheio.

Mas é também o título de uma famosa obra de Shakespeare cujo enredo anda à volta de encontros e desencontros amorosos, de ciúme, entre outros estratagemas que não cabem aqui narrar.

Contudo, este parece ser precisamente o título adequado para a mais recente e desinteressante polémica tornada pública entre o mediático casal Manuel Maria Carrilho e Barbara Guimarães.

Obviamente não me deterei um segundo que seja a discorrer a absurda panóplia de circunstâncias que diariamente nos “conduzem” à vida privada do casal mas apenas a minha visão sobre as causas da exposição pública dessa mesma vida privada -  seja desta ou de outras “personalidades” - normalmente reconhecidas e reconhecíveis como “figuras públicas”.

Ora sucede que um tal epíteto não surge grande parte das vezes em resultado de qualquer reconhecimento público de uma especial vocação ou actividade do qual resulte uma mais-valia para si próprio ou para terceiros.

Pelo contrário, a caracterização como “figura pública” resulta quase exclusivamente a exposição pública (claro está) das respectivas vidas privadas.

E fazem-no sem qualquer pudor e, provavelmente, a troco de uma compensação monetária, forma suis generis de remuneração da inutilidade tornada útil do ponto de vista das vendas das “revistas da especialidade” ou de um ou outro órgão de informação menos dotado de um critério próprio na avaliação da qualidade do interesse jornalístico de um tema que, no fundo, não o deveria ser.

Desta forma, somos “convidados” sistematicamente a “entrar” dentro da casa – e por arrastamento das vidas – dos cicerones de circunstância, partilhando como se fossem nossas as respectivas alegrias e a imagem de uma felicidade que nada nem ninguém parece conseguir (aparentemente) perturbar.

Sucede, porém, que a vida não é apenas feita de tais momentos de bonomia e, por vezes, teima a “pregar partidas” fazendo cair a máscara com que tais personagens parecem viver em permanência, mostrando ao mundo a verdadeira face de quem, afinal de contas, não é diferente dos demais.

O problema é que se para “comum dos mortais” tal circunstância é apenas mais um facto com que terá de lidar e para qual terá de procurar a respectiva solução no contexto da sua vida privada, tal já não é possível para esta espécie de “heróis de pés de barro” porque precisamente deixaram de a ter – quase sempre de forma voluntária – há bastante tempo.

Nessa ocasião torna-se (quase) impossível impedir ou, pelo menos, suavizar o ímpeto voraz de quem se habituou a viver da vida alheia, expondo uma imagem até então desconhecida mas que, por isso mesmo, se tornou agora a mais apetecível.

Pessoalmente, não creio ser possível associar as vidas de tais pessoas a uma comédia ou, pelo contrário, à imagem de uma tragédia. Trata-se apenas da vida tal como ela é, mas que os próprios – eventualmente para sua desgraça - se recusam a entender e aceitar como tal.

E esse é o seu verdadeiro engano. Assim vão as cousas.