No inicio dos anos 90 os governos de direita e de esquerda introduziram no léxico comum português uma palavra até então desconhecida: SCUT. E de tal maneira era desconhecida que jamais se ouvira falar da possibilidade de circular numa auto-estrada sem ter de pagar portagens. Acontece que as SCUT surgem em função de uma deriva populista tão frequente na politica a partir do qual se pretende agradar a todos, independentemente das consequências futuras. Sou daqueles que consideram que teria sido bem melhor se nunca tivessemos aprendido esta nova palavra.
As SCUT enfermam (no minimo) de 3 grandes erros de avaliação:
Criaram uma ilusão de direito adquirido (quase divino) junto das pessoas quando, na sua essência, as SCUT não eram mais do que um regime transitório até que houvesse as denominadas "alternativas" de circulação ou, salvo erro, que as populações directamente "beneficiadas" pelas mesmas atingissem um nivel de desenvolvimento superior ao da média (nunca nessa e nesta altura deu jeito a tanto Concelho ser subdesenvolvido); Ora, sabendo-se que a velocidade com que os portugueses assumem os seus direitos só é comparável com a velocidade com que ignoram os seus deveres, estava mesmo a ver-se que isto haveria de correr mal no futuro;
Tornou, na prática, todos os portugueses como pagadores-não utilizadores das vias em causa. O custo para o Estado, ou seja para os Contribuintes, pela inexistência de portagens é suportado pelos impostos de todos nós (pelo menos dos que os pagam) mesmo que nem saibamos ao certo onde fica a A28;
As SCUT baseiam-se numa convicção de que não existiam (ou existem mas as pessoas não querem saber) alternativas de circulação. Façamos uma experiência: pergunte-se a um cidadão de Almada qual é a alternativa que ele tem à ponte 25 de Abril (e respectiva portagem). Este argumento, por tão falacioso, dispensa quaisquer comentários.
Passados estes anos, temos a feira instalada. Sem responsáveis, claro. Assim vão as cousas.