Se em relação às vitimas parece haver um consenso mais ou menos generalizado, quanto aos culpados é minha convicção que a noção de culpa é mais circunstancial, mais selectiva ou e tendenciosa.
Vestirei, pois, a toga e a beca e pemitir-me-ei distribuir as culpas de acordo com a minha análise e emoções.
Assim sendo "we the people find the defendant guilty of"....
Os sucessivos governos
Culpados de não tomarem (sempre) as medidas necessárias à properidade colectiva, por cederem sistemáticamente às pressões do lobbys e das corporações e de criarem uma ilusão de realidade nas pessoas como forma de auto-manutenção no poder.
Às oposições
Culpados por optarem sempre pela politica do "quanto pior, melhor", por esconderem aquelas que são as suas reais politicas após ascensão ao poder e por contrariarem hoje aquilo que sempre defenderam ontem.
Aos partidos de extrema esquerda
Culpados por exigirem uma Sociedade que já não existe em lado algum do Mundo (civilizado), por abusarem do populismo e por nunca se afirmarem como verdadeiras alternativas de poder.
Aos CDS/PP
Culpados por abusarem da demogogia primária, pela colagem ao PSD como a única forma de pertencerem ao auto-denominado "arco do poder" e por sonharem com uma Sociedade anterior ao 25 de Abril.
Aos sindicatos
Culpados por serem joguetes aos serviços dos partidos, por lesarem os trabalhadores com sucessivas greves estéreis de significado (e de resultado) e por contribuirem para a falta de produtividade da generalidade da função pública.
Aos lobbys e corporações
Culpados por condicionarem a Sociedade em função dos seus próprios interesses, por utilizarem o poder como alavanca das respectivas ambições pessoais e por manipularem a informação e a liberdade de opção.
Aos municipios e Regiões autónomas
Culpados por gastarem sistematicamente os recursos próprios em obras de fachada, pelo endividamento descontrolado e por aderirem de forma gratuita às formas mais básicas de populismo de acordo com as respectivas agendas eleitorais.
Às empresas
Culpados por serem subsidio-dependentes, por aproveitamento ilicito das crises para resolver problemas estruturais e por não promoverem a meritocracria.
À sociedade em geral
Culpados de assistirem passivamente às injustiças e desvarios do poder politico, de se absterem nos momentos de decisão e de se deixarem manipular por todos os demais culpados.
Que pena aplicar a um rol de acusados tão grande? Temo que nenhuma. É que a nossa culpa começou a formar-se em 1143. Assim vão as cousas.