"Mas um velho, de aspecto venerando,
que ficava nas praias, entre a gente,
postos em nós os olhos, meneando
três vezes a cabeça, descontente,
a voz pesada um pouco alevantando,
que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só de experiências feito,
tais palavras tirou do experto peito:"
Assim começa o célebre episódio do "Velho do Restelo" no canto IV de "Os Lusíadas".
que ficava nas praias, entre a gente,
postos em nós os olhos, meneando
três vezes a cabeça, descontente,
a voz pesada um pouco alevantando,
que nós no mar ouvimos claramente,
Cum saber só de experiências feito,
tais palavras tirou do experto peito:"
Assim começa o célebre episódio do "Velho do Restelo" no canto IV de "Os Lusíadas".
Mas teremos nós mudado algo na nossa maneira de ver o Mundo e a sociedade que nos rodeia desde os tempos imemoriais do grande poeta? Quero crêr que não, simplesmente porque tal faz parte da nossa genética.
Portugal, todos sabemos, viveu quase metade do seculo XX sob uma ditadura em que o direito à manifestação e à confrontação de ideias se encontrava subjugado pela forma como o poder era exercido.
O 25 de Abril de 74 criou nos portugueses um sentimento de rejuvenescimento dos ideiais, pelo advento da democracia, com a qual lidámos qual criança a quem entregam um briquedo que sempre desejou, mas nunca deixaram ter.
Como qualquer brinquedo corre-se sempre o risco de, pelo excesso de uso, se estragar, normalmente por não se saber lidar com ele convenientemente.
Temos então uma nação que à ausência de liberdade, chamou a si o poder de manifestar-se e reclamar os direitos que lhe haviam sido sonegados durante décadas.
Acontece que tal como todos nós um dia deixamos de lado os briquedos de infância, a sociedade também muda, e com ela mudam as responsabilidades e, naturalmente, a nossa percepção da extensão dos nossos direitos, mas também das nossas obrigações.
No fundo está em causa a forma como vamos reagir aos ventos de mudança.
É neste ponto que entendo que o sindicalismo em Portugal não tem sabido acompanhar as mudanças que a todos nos afectam (na sua multipla contextualização), na medida em que todos verificamos a forma de confrontação sistemática aos politicos e politicas que nos têm governado desde os tempos da revolução.
Nada haveria demais nesta confrontação conhecendo-se a base social e a natureza da actividade sindical tão importante em diversos momentos da história da humanidade e na história da luta pela melhoria das condições de trabalho dos trabalhadores.
O problema é que a sociedade globalizou-se e com ela também se globalizaram os desafios, os problemas, mas certamente as oportunidades.
Fará então sentido a contestação assente em pressupostos que já não têm viabilidade nos nossos dias? Alguém entenderia por exemplo que se reclamassem hoje os direitos laborais emergentes da revolução industrial? É obvio que não.
Então, aquilo que fará sentido é que os sindicatos promovam uma linha de acção baseada nos desafios e nos problemas que Sociedade de hoje nos coloca.
De nada adianta os sindicatos servirem de muleta de determinados partidos politicos nas empresas, como sabemos que de facto acontece, como não adianta promover o absentismo dos trabalhadores, com sacrifio das suas remunerações, já de si eventualmente escassas.
O que adianta é caminhar lado a lado com os actuais trilhos da sociedade. O mote até pode ser o mesmo: procurar evitar o acentue as desigualdades ou a precariedade, mas no contexto de uma sociedade (que se quer) competitiva e que não perdoa a incompetência, a lassidão ou simplesmente que desiste.
Os sindicatos do Sec. XXI devem ajudar os trabalhadores a auto-promover-se profissionalmente, procurando o aumento de competências próprias, do que resultará forçosamente o aumento da produtividade pessoal e por arrastamento da empresa.
Do sucesso da empresa dependerá em grande parte o bem estar do trabalhador, da sua familia e por arrastamento de toda a Sociedade.
Desculpar-me-ão os laivos de idealismo, mas as Naus vão partir e já não esperam por ninguém. Assim vão as cousas.
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