Aguardei, de forma consciente, que passasse algum tempo após o fim dos trabalhos da Comissão Parlamentar de inquério ao denominado "negócio PT/TVI".
Fi-lo, numa dupla convicção, a primeira das quais de que só o tempo permite amadurecer a forma como analisamos algumas questões e a segunda para confirmar a minha expectativa de que este assunto "morreria" no dia imediatamente seguinte ao termo dos referidos trabalhos.
Tal foi o que veio efectivamente a acontecer.
O que importa então é reconhecer que este assunto só desaparece do nosso firmamento porque ele próprio a isso estava condenado desde o seu inicio, na medida em que os seus fundamentos se baseavam num suposto "negócio" que...não existiu.
Para que serviu então esta Comissão?
Serviu para os membros dos partidos da oposição procurarem demonstrar o envolvimento do Primeiro-Ministro num esquema tentacular de controlo dos meios de comunicação, do qual a face visivel era a TVI e serviu para os elementos do partido do Governo defenderem a inocência do Primeiro-Ministro.
A Comissão de Inquérito constituida para o efeito debateu, de forma penosa e dias a fio, as faces opostas da culpa e da inocência de um não-negócio
Para o efeito foram ouvidas dezenas de testemunhas que, à vez, contaram a sua versão dos factos, a sua "verdade". Outros houve que nem isso fizeram, resguardando-se na sempre conveniente "falta de memória dos factos" ou mesmo no famoso segredo de justiça, esse mesmo que normalmente surje posteriormente publicado nas páginas dos jornais.
Houve ainda outros que, apesar de partes interessadas nas conclusões da Comissão de Inquérito, também tiveram oportunidade de dar a sua versão da "verdade". Falo em concreto do casal Moniz e do jornalista José Manuel Fernandes, que durante meses conduziram a linha editorial do canal de televisão e do jornal que dirigiam, "alimentando" este mesmo tema.
A SIC Noticias foi transmitindo em directo o esbanjamento de recursos públicos, numa Comissão de Inquérito a que se quis conferir a autoridade de um Tribunal, mas em que o réu já estava préviamente condenado.
É por isso mesmo que tenho utilizado de forma consciente a palavra verdade entre aspas, porque materialmente não havia nenhuma verdade para apurar, excepto se o Primeiro-Ministro sabia ou não do "negócio" quando afirmou o seu contrário.
No limite poderia demostrar-se que ele mentiu o que sendo condenável tem uma consequência prática nula, porque era mais do que sabido que "negócio" não se tinha concretizado, com mentira ou sem ela.
Mas se as conclusões da Comissão de Inquérito nada mais fez do que confirmar aquelas que eram as convicções iniciais de cada uma das bancadas parlamentares, permitiram - de forma colateral, é certo - dar a conhecer a ultima das "verdades".
Essa surgiu, qual grito do Ipiranga, da boca do Dr. Pacheco Pereira, que tendo tido acesso a um documento que mais ninguém viu e que só ele poderia valorizar no sentido que bem entendesse, procurou por todos os meios, fazer passar a mensagem que ele e apenas ele conhecia a "verdade" dos factos.
Assim mesmo, simples e sem possibilidade de constestação, o Dr. Pacheco Pereira fez tábua rasa de tudo as conclusões que emanaram da Comissão de Inquérito e definiu ele próprio as suas conclusões.
No principio, no meio e no fim de todo este assunto, fica a verdade pura, sem comas, aquela que todos gostávamos de conhecer. Mas essa certamente que não aproveita a ninguém. Assim vão as coisas.
Post-Scriptum
Já depois de concluido esta minha dissertação e comprovando a oportunidade da mesma (as minhas desculpas pela imodéstia) ficou a saber-se que um dos elementos da Comissão de Inquérito que há data desconhecia a natureza da firma Ongoing, deixou o seu lugar de deputado e mudou-se para esta mesma empresa.
Tenho, desta forma, de reconhecer que esta Comissão de Inquérito acabou por ter efeitos práticos pois não só o ex-Deputado ficou a conhecer a Ongoing, como confirma-se que houve "negócio". Assim vão as cousas.
Fi-lo, numa dupla convicção, a primeira das quais de que só o tempo permite amadurecer a forma como analisamos algumas questões e a segunda para confirmar a minha expectativa de que este assunto "morreria" no dia imediatamente seguinte ao termo dos referidos trabalhos.
Tal foi o que veio efectivamente a acontecer.
O que importa então é reconhecer que este assunto só desaparece do nosso firmamento porque ele próprio a isso estava condenado desde o seu inicio, na medida em que os seus fundamentos se baseavam num suposto "negócio" que...não existiu.
Para que serviu então esta Comissão?
Serviu para os membros dos partidos da oposição procurarem demonstrar o envolvimento do Primeiro-Ministro num esquema tentacular de controlo dos meios de comunicação, do qual a face visivel era a TVI e serviu para os elementos do partido do Governo defenderem a inocência do Primeiro-Ministro.
A Comissão de Inquérito constituida para o efeito debateu, de forma penosa e dias a fio, as faces opostas da culpa e da inocência de um não-negócio
Para o efeito foram ouvidas dezenas de testemunhas que, à vez, contaram a sua versão dos factos, a sua "verdade". Outros houve que nem isso fizeram, resguardando-se na sempre conveniente "falta de memória dos factos" ou mesmo no famoso segredo de justiça, esse mesmo que normalmente surje posteriormente publicado nas páginas dos jornais.
Houve ainda outros que, apesar de partes interessadas nas conclusões da Comissão de Inquérito, também tiveram oportunidade de dar a sua versão da "verdade". Falo em concreto do casal Moniz e do jornalista José Manuel Fernandes, que durante meses conduziram a linha editorial do canal de televisão e do jornal que dirigiam, "alimentando" este mesmo tema.
A SIC Noticias foi transmitindo em directo o esbanjamento de recursos públicos, numa Comissão de Inquérito a que se quis conferir a autoridade de um Tribunal, mas em que o réu já estava préviamente condenado.
É por isso mesmo que tenho utilizado de forma consciente a palavra verdade entre aspas, porque materialmente não havia nenhuma verdade para apurar, excepto se o Primeiro-Ministro sabia ou não do "negócio" quando afirmou o seu contrário.
No limite poderia demostrar-se que ele mentiu o que sendo condenável tem uma consequência prática nula, porque era mais do que sabido que "negócio" não se tinha concretizado, com mentira ou sem ela.
Mas se as conclusões da Comissão de Inquérito nada mais fez do que confirmar aquelas que eram as convicções iniciais de cada uma das bancadas parlamentares, permitiram - de forma colateral, é certo - dar a conhecer a ultima das "verdades".
Essa surgiu, qual grito do Ipiranga, da boca do Dr. Pacheco Pereira, que tendo tido acesso a um documento que mais ninguém viu e que só ele poderia valorizar no sentido que bem entendesse, procurou por todos os meios, fazer passar a mensagem que ele e apenas ele conhecia a "verdade" dos factos.
Assim mesmo, simples e sem possibilidade de constestação, o Dr. Pacheco Pereira fez tábua rasa de tudo as conclusões que emanaram da Comissão de Inquérito e definiu ele próprio as suas conclusões.
No principio, no meio e no fim de todo este assunto, fica a verdade pura, sem comas, aquela que todos gostávamos de conhecer. Mas essa certamente que não aproveita a ninguém. Assim vão as coisas.
Post-Scriptum
Já depois de concluido esta minha dissertação e comprovando a oportunidade da mesma (as minhas desculpas pela imodéstia) ficou a saber-se que um dos elementos da Comissão de Inquérito que há data desconhecia a natureza da firma Ongoing, deixou o seu lugar de deputado e mudou-se para esta mesma empresa.
Tenho, desta forma, de reconhecer que esta Comissão de Inquérito acabou por ter efeitos práticos pois não só o ex-Deputado ficou a conhecer a Ongoing, como confirma-se que houve "negócio". Assim vão as cousas.
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