Agora que o homem para quem eu terei de "nascer duas vezes" para ser mais honesto do que ele foi reeleito e entrámos em contagem decrescente para a futura apresentação de uma moção de censura por parte de algum dos grupos partidários que inevitavelmente levará o PSD e o CDS a retornar ao “local do crime”, gostaria de deixar umas palavras sobre o candidato Francisco Lopes.
Ou melhor, não será tanto sobre o candidato mas sobre a coerência utópica de que esta mesma candidatura se encontra eivada.
Chamo-lhe coerência na medida em que na base da mesma não existe qualquer convicção de que dela poderia resultar uma eleição para o cargo de Presidente da República, ou sequer uma elegibilidade para uma segunda volta a dois.
É coerente porque através dela o partido que a suporta pode, uma vez mais, procurar passar para a opinião pública toda uma panóplia de argumentos que há décadas – muito mais do que em qualquer outro partido – procura convencer o eleitorado.
É precisamente nesta quase comovente utopia que este tipo de candidaturas revela o seu especial interesse.
O candidato Francisco Lopes interpretou fielmente tudo aquilo que tem sido os principais ditames do Partido Comunista ao longo da sua história.
Não existe uma verdadeira deriva de inovação ou modernidade no discurso relativamente aos discursos-tipo do líder do seu partido Jerónimo Sousa ou antes dele de Carlos Carvalhas ou muito antes dele de Álvaro Cunhal.
Numa época de ténues convicções, não deixa de ser um autêntico “case-study” que alguém continue de forma persistente e abnegada a defender princípios que não rendem eleições, que não levaram ao poder nenhum líder nos principais países do dito ocidental, ou “civilizado” se preferirem.
O modelo que preconizam não tem os seus fundamentos e suporte em qualquer modelo de sucesso e, de um modo geral, corresponde a uma ideologia que historicamente se encontra conotada com regimes ditatoriais.
O que move então o candidato Francisco Lopes e os seus fiéis correligionários?
Aquilo que os move é, a meu ver, aquilo que falta a todos os outros. Uma espécie de quase religiosidade semelhante ao ritual de ir às missas ao Domingo por convicção mas também por obrigação de consciência.
O problema prático desta convicção reside, contudo, na realidade do mundo actual, na confrontação desses ideais com a falência dos regimes onde os mesmos se procuraram impor pela força.
Os idealismos correspondem a estados de alma perfeitos para quem não tem o poder nas mãos, porque logo que tal aconteça tendem a desvanecer-se e a corromper-se.
Não me parece que venha mal ao mundo que existam pessoas como Francisco Lopes que encarnam estes ideais e os defendem com toda a coerência e convicção, numa Sociedade cada vez mais carecida de ambas.
O problema será sempre o mesmo. Não sabemos ao certo como seria a sociedade portuguesa com um governo comunista como também não sabemos se há vida depois da morte. Mas…estará de facto alguém disponível para pagar para ver? Assim vão as cousas.
domingo, 30 de janeiro de 2011
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