domingo, 9 de janeiro de 2011

Cara Alegre

O direito de votar é um direito inalienável que eu cumpro "religiosamente" desde que para tal fiquei habilitado pela idade.
Este ano terei, contudo, o maior desafio às minhas convicções quando, já este mês, formos chamados a eleger o Presidente da República.
Por convicção (ou falta dela) a opção de alinhar na reeleição do Prof. Cavaco Silva está fora de hipotese, conforme procurarei explicar na dissertação da próxima semana.
Sobra - que me desculpem os demais - o Dr. Manuel Alegre, poeta de elevada craveira, mas que tem sido na vida politica algo que se assemelha a um verbo de encher.
De há vários anos para cá o Dr. Manuel Alegre tem vivido num limbo a que eu costumo designar do melhor dos dois mundos: se por um lado ele nada seria sem o "seu" partido, por outro lado surgiu demasiadas vezes como o arauto da independência de ideias dentro desse mesmo partido, criando situações fracturantes e pouco abonatórias no contexto da necessidade de coesão politica.
Sinal disso foi a sua candidatura "independente", à revelia do PS, que acabou por redundar na eleição do Prof. Cavaco Silva.
O Dr. Manuel Alegre sempre surgiu aos meus olhos como uma espécie de D. Quixote da Democracia e da Liberdade, pautando as suas intervenções como se todos nós estivessemos em permanente dívida para com o próprio.
Pois se os seus méritos na (re)conquista da Liberdade é algo que será sempre justo reconhecer, a verdade é, que como alguém já disse, o Dr. Manuel Alegre deixou de existir em 24 de Abril de 1974.
A politica é feita de muitas pequenas e grandes coisas. Ao Dr. Manuel Alegre não se lhe reconhece qualquer cargo ou facto politicamente relevante no pós 25 de Abril, excepto aquele do qual o próprio se investiu de defensor eterno da Democracia e da sua auto-proclamada independência política.
Provavelmente a contra-gosto, o "seu" partido deu-lhe agora aquilo que ele quis e apoiou-o desta vez como canditato oficial.
Mas o Dr. Manuel Alegre não duvide que muita gente irá fazer, como alguém sugeriu um dia, dar-lhe o voto de "olhos fechados". Não será certamente o meu caso. Assim vão as cousas.

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