sábado, 28 de julho de 2018

Na rota dos míticos castelos da Escócia / Air slighe chaistealan miotasach na h-Alba

A imagem mais estilizada da Escócia, a par do famoso Loch Ness, são os os seus muitos castelos, objecto incessante de uma iconografia que vai desde a cinematografia aos postais ilustrados.

Mas, a verdade é que essa componente quase gráfica da paisagem escocesa faz todo o sentido quando temos a possibilidade de estar perante estes vestigios do passado, parte deles em verdadeiro estado de ruína, não por desleixo das gerações seguintes, mas porque a sua própria história assim o determinou e o presente encarregou de conservar.

Assim e pela frente tinhamos duas imagens exemplificativas da icongrafia escocesa no que aos castelos diz respeito, isto é, um modelo totalmente preservado e um outro em ruinas.

Importa ter presente que o estado de maior ou menor de conservação dos castelos está sobretudo ligado à contingência de ser ainda nos dias de hoje propriedade privada de uma qualquer família nobre que, transitando de geração em geração, quis o destino que num dado momento se tenha chegado à conclusão que os custos de manutenção de espaços de tão grande dimensão para tão poucos ocupantes talvez fosse encargo demasiado para que não fosse razoável pensar que a abertura de portas ao turismo poderia de certa forma equilibrar as contas domésticas.

É esse precisamente o caso do Glamis Castle, situado a norte de Dundee cuja propriedade pertence às sucessivas gerações dos Earls of Strathmore and Knghome e onde nasceu uma senhora de nome Lady Elizabeth Bowes-Lyon, mas que a posteridade haveria de chamar simplesmente "Raínha-mãe" bem como uma das suas filhas, irmã da actual Raínha de Inglaterra.


A riqueza dos seus interiores e mesmo de algum exibicionismo bem como constantes referencias à actividade da caça para desgraça dos troféus orgulhosamente empalhados e pendurados nas pareded é, como não podia deixar de ser em terras escocesas, acompanhado de lendas e mitos, que vão desde o monstro de Glamis, a lenda de uma criança que teria nascido de tal maneira deformada que não terá sobrevivido mais do que 1 dia e que, por não ter tido sepultura originou uma vasta onda de rumores.

Ou ainda a Dama de Cinza, que se julga ser a de Lady Glamis que tendo sido acusada de bruxaria, torturada de em seguida queimada num espeto vagueia agora pela capela tendo mesmo o guia identificado a cadeira onde habitualmente se sentará que, por sinal, naquele dia era ocupado por uma menina inocente que ao saber do seu infortunio de involuntariamente se ter sentado ao colo de um fantasma desatou num mais do que compreensivel pranto.

Outras lendas e mitos por ali existem mas também o facto da célebre personagem MacBeth, da obra homónima de Shakespear se ter inspirado naquele local mesmo que não haja evidências de este rei escocês alguma vez tenha por ali passado, não se livrando apesar da má fama que a obra lhe atribuiu e que segundo consta não faz juz à verdade.

A parte final da visita é dedicada aos extensos jardins que, na Escócia, são sobretudo de prados verdes pontuados por arvoredo, com pequenas amostras de jardins mais ao estilo françês ou Italiano.

Em seguida a viagem levou-nos ao lindissimo Dunnotar Castle, uma ruina do século XIII situado numa rocha com uma estreita ligação à terra, ladeada por mar, e um exemplo de que a memória de um país não se faz apenas de grandes palácios mas também da amostra de que aquilo que sobreviveu para a posteridade é parte integrante do significado histórico de cada local, conduzindo a imaginação do turista/visitante a um exercicio de colocação em perspectiva do que seria aquele local em tempos idos.


Uma das caracteristicas deste local é o considerável número de gaivotas que por ali se tornam os moradores daquele local e de todo o espaço que o ladeia se bem que, e este é uma espécie de aviso à navegação, por toda a Escócia se há coisa que não falta são gaivotas, seja mais perto ou longe do mar, a elas não se aplica o principio de que por ali andam por haver tempestado no mar. Por isso mesmo é esperar que em momento algum tenhamos a "sorte" de ser contemplados com uma involuntária "chuva" de dejectos vinda do ar sem nada poder fazer para punir quem, afinal de contas, já por ali andava antes mesmo de nós chegarmos e por lá ficará depois de partirmos.

Por ser ali perto a opção de almoço recaíu na localidade de Stonehaven de onde seguimos para Aberdeen ainda mais a norte.

Esta cidade portuária apresenta um edificado curioso, sobretudo em granito, com alguns pontos de referência arquitectonica interessantes nomeadamente os edificios religiosos, nomeadamente a catedral, com os seus enormes pináculos, alguns deles conforme se disse anteriornente já só a parte exterior nos recorda que ali houve um local de culto na medida em que o interior foi entretanto adaptado a outras funções como por exemplo um bar ou restaurante.

Aberdeen justifica que se passe por alí uma tarde sem pressas.


   

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