Nada haveria de anormal nesta ultima opção não fosse o caso de no Reino Unido se conduzir pela direita, facto curioso porque tudo o resto se passa à esquerda. Basicamente e tirando o volante do lado direito, as mudanças na mão esquerda, a invariavel tentação de nos dirigirmos para a porta "errada" ou puxar o cinto pelo lado esquerdo, ou ainda as ultrapassagens serem feitas pela direita e a leve sensação de que vamos em contramão, o resto é a absolutamente igual à realidade a que nós, continentais, estamos habituados.
Mas, como se costuma dizer, primeiro estranha-se e depois entranha-se, e ao fim de um dia o nosso cérebro já interiorizou o que deve fazer e torna-se relativamente simples a mudança.
Nota prévia, nestas viagens não há destino marcado, mas apenas um trajecto pré-definido que ditará o caminho a seguir sem o constrangimento horário associado à obrigatoriedade de chegar "a tempo" aonde quer que seja em favor de da ideia mais interessante de ter tempo para ver o que se pretende e disponbilidade para improvisar, na certeza que nenhum roteiro pode ser suficientemente estanque para não se permitir a desvios amplamente justificados pela aprendizagem de cada novo local que se visita.
Esta perspectiva será, porventura, insuportável para alguns nomeadamente a ideia de não se saber ao certo onde se irá dormir, mas no fundo será sempre um risco razoavelmente controlado que por volta da hora de almoço já permite conhecer em perspectiva o local onde se irá pernoitar. Uma rede de wi-fi à mesa do restaurante e um site de pesquisa de hoteis e a coisa fica tratada em 5 minutos.
Saídos de Edinburgo com a promessa de lá voltar no final da viagem a viagem segue para Stirling, uma pacata vila a sul da capital cujo aspecto medieval e em particular o seu magnifico castelo justificam umas horas por lá. Embora algumas partes pareçam recentemente restauradas este castelo é de facto muito bonito também porque aqui começam as referências aos heróis escoceses.

Mas daquele local é também possivel vislumbrar uma enorme torre que se ergue à distância e que ao perto ainda se torna mais impressionante, que homenageia um outro heroi escocês, William Wallace, reconhecivel por muitos por ser a personagem principal de um filme relativamente recente (Braveheart), em que o actor principal (Mel Gibson), dava rosto - literalmente e de forma pitoresca - a mais este heroi escocês sempre na luta contra os ingleses.
A referida torre ou mais exatamente Wallace Monument, curiosamente, menos antigo do que aquilo que aparenta, tendo sido construido no último terço dos finais do século XIX, em homenagem à vitória de Wallace na batalha de Stirling Bridge. É imponente, com uma parte superior com uma espécie de floreados arquitectonicos que impressionam. O acesso pode ser feito a pé pelos bosques ou num pequeno autocarro. A opção, claro está, foi pelo percurso a pé. Já o acesso ao topo do monumento não tem discussão, sendo feito por escadas, pequenas e muitas, mas a vista no final é a recompensa necessária para o esforço produzido anteriormente.
Não é ainda a Escócia das montanhas, mas já uma clara imagem de um país de prados verdejantes, pouco povoado e, sobretudo, com dedicatória aos seus heróis um pouco por todo o lado, naquilo que alguns poderão ver como um exemplo de nacionalismo mas que, pessoalmente, entendo como um reconhecimento da nacionalidade transformado em memória colectiva ao longo dos séculos, de geração para geração.
Dali e após o almoço, seguiu-se para a cidade de Perth, uma discreta cidade que anunciava como referencia uma catedral que, por sinal se encontrava encerrada para remodelação, e um palácio, Scone, que não foi possivel visitar por ter sucedido entretanto aquilo que é uma imagem de marca na Escócia: fecha quase tudo muito cedo, normalmente por volta das 17h, mas com a última admissão a acontecer meia-hora antes. Não é que fosse um dos locais imprescindiveis no roteiro, mas ficou uma certa sensação de frustração porque "perdemos" essa janela de oportunidade por meia-duzia de minutos.
Não há lugar a choros nestas viagens. Há muito mais parra ver, e na esta altura já se percebia que o dia haveria de terminar em Dundee, cidade portuária situada mais a norte, onde a opção hoteleira recaiu numa unidade da rede Holliday Inn, bastante em conta face aos preços norlmante praticados.
Era dia de jogo da Inglaterra e as ruas estavam relativamente despidas e gente embora não tenha a certeza que estivessem todos em casa a apoiar a selecção do reino, mas permitiu um passeio pelas ruas da cidade, relativamente pequena, os seus principais pontos de interesse incluindo duas embarcações de grande porte ancoradas em dois locais distintos nos portos da cidade mas sobretudo alguma arquitectura de rua, algo que particularmente valorizo nas cidades.
É preciso ter presente que por se situar bastante a norte da Europa os dias nestes locais são relativamente longos no Verão, havendo luminosidade até bastante tarde, que apenas se vai desvanecendo a partir das 22:30h, sem nunca se tornar evidentemente noite escura.
A Inglaterra ganhou, o dia terminou e outro se lhe seguirá.
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