Em Abril do ano que agora finda fui "desafiado" a tentar completar uma prova de meio-fundo algo que jamais havia tentado fazer na vida ou, de forma mais exacta, sequer imaginado tentar.
Encarei nessa altura este "desafio" como uma quase necessidade de superação pessoal, algo que iria muito para além da distância percorrida, mas como uma questão deliberada de provar a mim próprio que aquilo que parecia impossível num tempo não tão distante como isso era, afinal, possível.
Não é, contudo, o meu objectivo fazer uma espécie balanço do ano - tão usual nestas alturas - tendo por base o resultado das provas ou da distância percorrida de lá para cá (e foi considerável), mas apenas dissertar sobre a natureza de um "desafio" que foi, efectivamente, vencido.
Não se trata sequer de saber se os tempos e as classificações foram as melhores ou se podiam te-lo sido, mas apenas o constatar um facto que resulta da convicção plena de que todos nós devemos, a todo momento, procurar superar-nos, enfrentando qualquer novo possível objectivo não como um obstáculo mas como algo que não podemos deixar de tentar alcançar.
As corridas são, desta forma, o modelo de vida que procuro traçar em todas as demais componentes dessa mesma vida, seja numa perspectiva de realização pessoal ou profissional, quando - como acontece tantas vezes - ambas não coincidem.
A perspectiva de falhar existirá sempre, porém quem poderá dizer ser uma e a mesma coisa falhar mesmo tentando ao invés de falhar sem sequer tentar?
Não é tão-pouco a convicção de que essa mesma tentativa possa estar a ser avaliada por terceiros ou a forma como a eventualidade de não se conseguir um determinado objectivo será posteriormente analisado por outros que verdadeiramente importa.
O que importa de verdade é a convicção da nossa disponibilidade para assumir o risco, nem que esse seja o risco de falhar.
Tudo acaba por parecer mais fácil dessa forma e a consequência imediata de se conseguir alcançar o objectivo pretendido é precisamente o de motivar a predisposição para novos e mais ambiciosos desafios.
Admito que qualquer um de nós esteja, no essencial, sujeito ao "Principio de Peter" também denominado de "Principio da Incompetência", a questão, no fundo, é perceber se somos nós próprios a tentar chegar à conclusão de uma incapacidade própria de ultrapassar as nossas próprias limitações ou se, pelo contrário, serão os outros, por defeito, a fazê-lo por nós.
Só existe a meu ver uma forma de avaliar correctamente esta situação e essa forma é a de nos mantermos em paz com a nossa consciência e, nesse aspecto, a minha vai seguindo tranquila. Assim vão as cousas.
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