domingo, 19 de junho de 2011

O omnipresente


Costuma-se dizer que quem não aparece…desaparece e esta convicção é tão mais real se for aplicada a um político.

O Dr. Pedro Santana Lopes tem andado nos últimos dias, nomeadamente após a eleição para o cargo de Primeiro-Ministro do Dr. Pedro Passos Coelho, num corropio televisivo a comentar a situação política do país emergente do último sufrágio eleitoral.

Colocado à margem das listas para deputados ou do elenco de ministeriáveis o Dr. Pedro Santana Lopes sabe, porventura como ninguém, que os tempos não lhe correm de feição em termos do protagonismo que o próprio insiste em cultivar.

Mas quais são, afinal, os méritos politicos - e não só - potencialmente associáveis ao Dr. Pedro Santana Lopes?

O exercício não é fácil e em breves linhas irei procurar efectuar uma sintese - não necessariamente cronológica – da sua “carreira”.

Durante a sua passagem pela pasta da Cultura lançou a gigantesca empreitada do Centro Cultural de Belém, obra de evidentes méritos culturais, mais ainda por concluir face ao seu projecto inicial.

Menos sorte teve a sua intenção de completar o Palácio da Ajuda, que por essa altura fora transformado no seu local de trabalho

Eleito presidente do seu clube do coração - o Sporting - fez juras de amor eterno, tando acabado por se demitir por ter decidido concorrer (sem sucesso), na primeira oportunidade, à liderança do PSD.

Foi presidente da Câmara da Figueira da Foz, de cujo mandato dizem "ter deixado obra feita", sendo certo que 99% das pessoas que o possam afirmar não saberão identificar, se tal lhes for solicitado, alguma das ditas "obras".

Foi presidente da Câmara de Lisboa, cargo de que abdicou por ter decido concorrer (uma vez mais sem sucesso) à liderança do PSD.

Pelo meio deixou a cidade sem Feira Popular, um Parque Mayer tão decrépito como o encontrou, apesar das promessas eleitorais de que finalmente ia resolver o problema, tendo contratado para o efeito um dos mais notáveis (e caros) arquitectos do Mundo para desenhar um dos sonhos do Dr. Pedro Santana Lopes e que não passou disso mesmo,

Refira-se que o Tribunal Administrativo determinou recentemente a ilegalidade da permuta feita nessa ocasião entre os terrenos da antiga Feira Popular e os terrenos do Parque Mayer.

A sua “obra feita” em Lisboa foi em bom rigor uma obra por acabar, na medida em que outro dos seus sonhos megalómanos, o Túnel do Marquês, só foi concluído na sua extensão principal quase uma década depois do seu inicio, sendo que parte do projecto inicial continua ainda por finalizar.

Por força da “aventura” europeia do Dr. Durão Barroso e, sem que tenha sido sufragado para tal, viu-se num duplo papel para o qual toda a vida lutou sem que os seus pares e os eleitores em geral alguma vez lho tenham confiado: torna-se líder do PSD e Primeiro-Ministro de Portugal.

O resultado final é conhecido de todos e até previsivel (excepto provávelmente pelo próprio): a falta de legitimidade governativa e a incapacidade própria para o cargo ditaram a sua queda, tendo sido demitido pelo então Presidente da República Dr. Jorge Sampaio.

É o que acontece quando no poder se unem num mesmo Governo a demagogia e o populismo, uma espécie de “fome e a vontade de comer”.

Concorreu novamente à Câmara de Lisboa, mas o buraco dos anteriores responsáveis pela edilidade era de tal modo profundo que ninguém queria arriscar novamente numa pessoa que prometia mais tuneis para a cidade.

Quando todos adivinhavam a sua morte politica, eis que surge uma vez mais como voz públicamente activa, no espaço onde melhor se movimenta: a televisão.

Num país de curta memória estaremos todos, de certa forma, a negligenciar o passado e desleixar a análise critica que deve nortear as nossas opções e este é um dado que o Dr. Pedro Santana Lopes sabe gerir como ninguém.

E tanto assim é que nem o próprio parece lembrar-se que em tempos “avisou” o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa quando este andava a recriar a AD que o Dr. Paulo Portas não “era de confiar” quando agora “alerta” o Dr. Pedro Passos Coelho que o Dr. Paulo Portas é um “negociador muito duro, mas leal”.

Por isso não será de estranhar, tal como o próprio disse um dia, que ele continue a "andar por aí". Assim vão as cousas.

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