Que o mundo está podre, já todos os sabíamos de uma forma ou de outra. A dimensão dessa podridão é que não era facilmente perceptível.
O tema do momento é, certamente, a catadupa de revelações que o site Wikileaks tem vindo a promover, fruto do acesso a fontes que não hesito em considerar como “próximas do processo”.
Confesso os meus sentimentos mistos relativamente a este fenómeno global – expressão que ganha cada vez mais significado – na medida em que não consigo deixar de entender que se é entendivel que a verdade dos factos deve ser conhecida, não ignoro, por outro lado, que nem todos os meios justificam os seus fins.
De anarquista a terrorista, passando por falso jornalista ou mesmo arauto da liberdade tenho ouvido e lido de tudo um pouco sobre o fundador deste site, a quem antevejo aliás um triste fim.
A questão a meu ver é que não é de todo possível compreender quais são efectivamente as motivações deste site e do seu fundador, para além daquelas que ele próprio certamente anunciará, mas parecem-me bem mais perceptíveis quais sejam as motivações de quem “promove” as fugas de informação.
É precisamente neste facto que me parece que tudo isto é demasiado opaco para se perceberem as reais motivações do Sr. Assange.
De uma coisa não duvido: por detrás da opacidade, atrás referida, estará muito, mas mesmo muito, dinheiro (aquilo que, no essencial, continua a fazer girar o Mundo).
Se imaginarmos a controvérsia que foi em tempos a questão da fugas no “segredo de justiça” em Portugal talvez seja, porventura, mais fácil perceber que o que fundamentalmente conduz às relevações do Wikileaks é uma violação massiva dos mais elementares direitos à salvaguarda das relações diplomáticas entre os Estados (mesmo que de base frágil).
Não é aceitável que à luz de um princípio de colocar a nu as mais do que evidentes fragilidades dos relacionamentos entre as diversas Nações se possa - no limite - derivar para eventuais situações de conflito aberto, cujos resultados práticos serão certamente desproporcionados face às suas motivações.
Por outro lado, o que se tem verificado é precisamente o efeito oposto ao que pretensamente se teria pretendido, isto é, de tanto “disparar” em todas as frentes “conseguiram” vulgarizar o assunto, não obtendo mais do que reacções circunstanciais e pouco “acaloradas” de negação dos factos.
Nos últimos dias surgiram novos dados que, a meu ver, irão contribuir para a machadada final neste assunto.
Por um lado o Sr. Assange foi preso (e entretanto libertado) acusado de um crime sexual. Era previsível. Como não se apanha o homem pelos factos que se gostaria, usam-se todos os outros expedientes disponíveis, ainda que não pretenda desta forma iliba-lo da eventual culpabilidade nos factos que lhe são imputados.
Por outro lado, estas notícias começaram a ser divulgadas pelos jornais de diversos países (vide o caso do “El País”), facto que entendo que em nada contribuirá para uma correcta interpretação dos elementos noticiosos, uma vez que forçosamente os factos serão truncados de forma mais ou menos coerente, mas não necessariamente fiel ao original.
Parece-me ainda assim que Portugal será aquele que andará mais “entretido” com este tema. Deve ser por falta de assunto. Assim vão as cousas.
domingo, 19 de dezembro de 2010
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