domingo, 5 de dezembro de 2010

Morrer em paz

O mês de Dezembro anuncia o início das festividades associadas à natividade, mas marca igualmente a evocação de um tema renovadamente trazido à colação nesta mesma ocasião relacionado com o denominado “Processo Camarate”.

Devo confessar que este processo causou-me durante largos anos a sensação de que estaríamos perante um caso flagrante de incapacidade de demonstração de uma causa que muitos gostariam que ficasse inequivocamente demonstrada em nome da “verdade”.

No fundo, existe um conjunto de pessoas que defende há vários anos a teoria do atentado não obstante não ter sido possível em mais de duas décadas a prova material de tal facto, devido a uma espécie de “processo JFK” à portuguesa, ou seja, com base na convicção que alguém terá impedido sistematicamente – por motivos ocultos – a demonstração inequívoca da tese do atentado.

Desde esse fatídico dia 4 de Dezembro de 1980 e não obstante os processos de inquérito, comissões parlamentares (oito ao todo) e um sem numero de contributos para a apuramento da verdade dos fatos, não foi possível estabelecer qualquer conexão entre os factos conhecidos e supostamente provados e a “verdade” em que muitos insistem.

Então, qual é o motivo para que 30 anos depois se continue a procurar retomar este tema, sugerindo-se novos elementos de prova, propondo-se novas comissões, reaberturas de processo, etc.

A meu ver, a realidade é que o “Processo Camarate” tornou-se uma excelente fonte de rendimentos e a demonstração clara de tal suposição é que este assunto é omisso da “ementa” dos portugueses durante todo o ano para ressurgir no mês de Dezembro pela ocasião do lançamento de mais algumas páginas em forma de livro, mesmo a jeito do Natal que se aproxima.

Se a verdade – seja ela qual for – vier a ser determinada para além de qualquer dúvida, cessam as teorias e as fabulações que ao longo dos anos se procurou demonstrar aquilo que pelos vistos ninguém consegue provar.

Há 30 anos atrás era demasiado novo para formar teorias, hoje – porventura de forma ainda ingénua – pergunto-me: não terá sido apenas um acidente? Assim vão as cousas.

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