A Vila de Posada de Valdeon é o típico local cuja tranquilidade é claramente a imagem de uma terra habituada a isolar-se do resto do mundo quando a neve é suficientemente alta para nem se entrar nem dela se conseguir sair.
Esta característica nota-se pela ausência de qualquer agitação durante o dia ou durante a noite, como se por estes lados não houvesse pressa para iniciar ou concluir cada novo dia, onde até o sol apenas surge no horizonte algumas horas depois de nascer, "escondendo-se" literalmente atrás das montanhas que formam uma espécie de fronteira natural desta pequena terra.
Curiosamente o destino seguinte, sendo ainda mais pequeno, era consideravelmente mais agitado, e com toda a propriedade.
Trata-se da localidade de Cain, não tanto pela população em si mesmo, mas pelo facto de dali se dar início a um percurso pedestre cuja distância a percorrer de ida e volta depende de cada um dos caminhantes e, diga-se, são muitos e de todas as idades, mas facilmente se percebe porquê.
Cain é banhado pelo rio Cares que é possível acompanhar, conforme referido, ao longo de um impressionante percurso, a espaços entrecruzado por pequenas pontes, num cenário absolutamente idílico, quase sempre em caminhos escavados dentro de rocha no sopé das montanhas que se erguem lado a lado como se fossem os guardiões da longínqua garganta que as separa.
Tudo o resto é maravilhoso à vista é um desafio profundo aos sentidos e à noção de beleza natural que, mais uma vez, parecem difíceis de descrever em breves palavras sem recorrer a ornamentações de estilo para melhor fazer entender este local e ainda assim correr o risco de pecar por escasso.
Concluídos os 7,7 kms que haveríamos de percorrer era tempo de dirigir-mo-nos a outra localidade, Fuente Dé, cuja "fama" deriva da existência neste local de um teleférico que se ergue no ponto mais alto a 900mts de altura, insuficientes, contudo, para se dizer que coincidem com a altura máxima da montanha, posto que esta se ergue uns bons metros mais acima.
Neste local a neve, mesmo não em abundância, permitiu os habituais "jogos" indiferentes ao gelar das mãos que atiram bolas uns contra os outros, como que lembrando que nem todas diversões carecem de corrente eléctrica para garantir o comprazimento de quem por momentos regressa a uma certa infância por vezes tão esquecida.
Era agora hora de descer naquele teleférico que se eleva tão alto que dificilmente entusiasmará quem tenha aversão a alturas, como que anunciando a despedida simbólica dos Picos da Europa.
A viagem, essa, há-de continuar.
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