quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Roteiros - O Príncipe Real e a Graça

Um dos temas que em Lisboa mais facilmente preenche um qualquer roteiro é aquele que nos remete para as suas muitas igrejas ou locais cujas características são precisamente de índole religiosa, nomeadamente os conventos ou mosteiros.

Ficando desde já a promessa de um roteiro exclusivo pelas principais igrejas de Lisboa, por agora manter-se-á firme a lógica de uma proposta que passando por 3 desses locais haverá de finalmente "desaguar" num outro local - certamente de natureza mundana - na certeza que aquilo que alimenta o espírito não enche necessariamente o estômago.

Convento dos Cardaes
O primeiro desses locais corresponde ao Convento dos Cardaes, situado na zona do Príncipe Real, o qual apresenta duas áreas distintas, ambas dignas de uma visita.

Uma dessas áreas correspondente ao convento própriamento dito, ainda hoje habitado em parte por senhoras cegas conforme nos é referido por uma das irmãs que serve de guia durante a "viagem" (as visitas são sempre guiadas), esforçando-se o mais possível por agradar a quem os visita não obstante um evidente amadorismo sobretudo na forma como cada nova sala é apresentada, através do recurso a um discurso memorizado pouco dado a improvisos.

Nada que não se interiorize facilmente sem questionar.

Convento dos Cardaes
Todo o espaço está especialmente bem conservado, sem luxos como se antecipa num local destes, remetendo para a respectiva história, incluindo um mural com o nome de todas as freiras ou noviças que ali passaram incluindo, muito curiosamente, os nomes dos respectivos progenitores.

Este convento tem a curiosidade de ter sobrevivido ao decreto de extinção das ordens religiosas em 1834 que determinava que todos os mosteiros ou conventos deveriam encerrar portas após a morte do último frade ou freira, consoante o local.

Convento dos Cardaes
O outro foco de atração absolutamente relevante corresponde à igreja situada logo à entrada do convento, ricamente decorada, à qual apenas foi possível aceder através do respectivo coro alto, uma vez que no seu interior se ensaiava um concerto que haveria de ter lugar no final da tarde.

Fica a imagem de uma belíssima igreja.

Igreja da Graça
O segundo espaço do roteiro corresponde à igreja da Graça, situada neste mesmo local, num dos mais privilegiados pontos da cidade, por presentear todo e qualquer visitante com uma das mais deslumbrantes vistas sobre a cidade no miradouro com o mesmo nome.

Igreja da Graça









O interior desta igreja não será certamente dos mais ricos da cidade de Lisboa por comparação com outros espaços de culto, mas apresenta uma sobriedade que justifica a visita.

Igreja do Menino Deus
Não muito distante deste local encontramos a última paragem deste roteiro e, diga-se, será porventura uma daquelas surpresas que parece difícil de conceber que passe tão despercebida numa cidade.

Refiro-me à igreja do Menino Deus, situado nas traseiras do casario e de uma das entradas para o castelo de São Jorge, que impressiona pela dimensão da sua fachada mas ainda mais pela riqueza do seu interior.

A parte curiosa é saber como se chega ao seu interior....
Igreja do Menino Deus
De facto esta igreja encontra-se sempre fechada e, quem não souber o "segredo" para a poder visitar sairá daquele local com a sensação de frustração de quem teve, em bom rigor, de subir uma das "famosas" sete colinas da cidade totalmente em vão.

Igreja do Menino Deus
Ora o tal segredo mora, literalmente, na porta ao lado, onde funciona uma creche. Quem tocar à respectiva campainha e pedir para visitar a igreja terá esse privilegio através de uma porta que fica logo à entrada da referida creche.

Igreja do Menino Deus
Trata-se de uma igreja extremamente bem conservada, com entradas de luz no seu topo que lhe conferem um aspecto místico sem as quais o espaço se torna bastante escuro, como que acentuando o mistério de uma igreja que parece, de facto, tão misteriosa como secreta.

Regressando à zona do Chiado o roteiro assinala o momento inicialmente referido em que importa cuidar do estômago, no pressuposto que o espírito já cuidou de se alimentar adequadamente nos espaços anteriormente mencionados.

Palácio Chiado
A sugestão passa por uma visita ao Palácio do Chiado e antes que seja acusado de faltar à palavra é que, afinal, ainda havia espaço para mais cultura, deverá rapidamente referir-se que neste palácio come-se e come-se bem.

Mas não se come simplesmente porque afinal de contas fica num palácio que é um exemplo de recuperação e de restauro de um espaço que estava ao abandono e que era até então conhecido apenas por fora pelo seu antigo nome, o palácio Quintela ou do Farrobo, nome de um dos seus ilustres donos.

A oferta gastronómica de qualidade é servida debaixo de tectos tremendamente bem restaurados que convidam a uma visita pelas áreas abertas ao público que pode decidir em qual delas pretende fazer a sua refeição.
Palácio Chiado
Palácio Chiado















A noite há-de terminar num dos melhores rooftops ou terraços conforme se queira dizer no pressuposto de que ambas as expressões querem dizer precisamente o mesmo.

Entretanto


Refiro-me ao Entretanto que dito desta forma talvez nada diga a quem o lê, mas que corresponde ao terraço, conforme pressupõe o epíteto, que fica no topo do hotel do Chiado, na rua Nova do Almada.

Aí pode-se usufruir de uma vista absolutamente deslumbrante sobre a cidade e em particular para o castelo de São Jorge, bebendo uma bebida,
preferencialmente a dois.

Entretanto
É caso para dizer, com vista do castelo se começou, com vista para o castelo se terminou, ainda que não tenha sido bem assim, algo que ninguém levará certamente a mal.

















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