sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Roteiros - À descoberta de Lisboa

Um Roteiro, conforme o próprio nome indica, pressupõe uma determinada rota, cuja definição deverá assentar preferencialmente numa linha coerente, seja na definição dos locais a visitar seja numa lógica espacial coerente de forma a que um e outro local se localizem em zonas não muito distantes.

Poderá igualmente subordinar-se a um tema prévio não sendo, contudo, forçoso que tal aconteça e, diga-se, não serão estes Roteiros subordinados a qualquer temática, não resultando desse facto - espera-se e deseja-se - qualquer nota de incoerência.

Trata-se, antes de mais, do exercício de uma liberdade de escolha dos locais a visitar em função do usufruto proporcionado por essa mesma visita, sem dependência mais ou menos remota entre dois ou mais locais.

Não se diga, no entanto, que não existirá um fio condutor na narrativa, posto que a cada Roteiro cultural seguir-se-á uma sugestão gastronómica seguida de um local que vulgarmente designamos por sítio onde "se pode beber um copo e falar um pouco".

Palácio de Fronteira
Este "Primeiro Dia" terá assim o seu início no Palácio de Fronteira, situado numa das entradas para a serra de Monsanto.

Em primeiro lugar importa referir que a visita a este palácio, ainda habitado na parte não visitável  pelos actuais Marqueses de Fronteira e de Alorna - mesmo que dificilmente nos cruzemos com eles - implica marcação prévia para horas de visita pré-definidas, o que determina a necessidade de presença obrigatória no local com a antecedência razoável em relação à hora marcada.

De igual modo a visita é guiada em todo o espaço interior do palácio - sem direito a fotografias - não o sendo, contudo, na zona exterior correspondente ao jardim.

Palácio de Fronteira




Trata-se de um palácio efectivamente bastante bonito, onde fica a sensação - aliás correcta - de ter sido habitado até há alguns anos atrás, nomeadamente pela forma como o mobiliário se encontra exposto mas sobretudo pela presença de diversas fotografias de família que, afinal de contas, se assemelham a qualquer uma das nossas casas, excepção feita ao distinto "sangue azul" que lhes correrá, por presunção histórica, nas veias.

A ladear o palácio encontramos os seus belíssimos jardins, bastante bem tratados, que contrastam com a visível é audível sonoridade da grande cidade que fica mesmo "ali ao lado".  

O Roteiro seguinte leva-nos a uma preciosidade bem guardada na cidade de Lisboa, não porque se esconda numa qualquer viela ou rua estreita - bem pelo contrário - mas porque parece ser daqueles locais que não parecem surgir em qualquer roteiro "oficial" o que, diga-se, constitui uma profunda injustiça.

Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
Refiro-me à casa-museu Dr. Anastácio Gonçalves, situada num pequeno mas nada discreto palacete bem perto da avenida Fontes Pereira de Melo, lado a lado com o hotel Sheraton e em frente à Maternidade Alfredo da Costa.

Como é costume nestas casas-museu o respectivo acervo é essencialmente o resultado de um fervor coleccionista da personalidade que dá o nome à casa e que, no caso vertente, não foge à regra.

Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves


Ricamente composto por pinturas de grande qualidade, particularmente de autores portugueses entre as quais se destacam as pinturas do mestre Silva Porto, a casa-museu Anastácio Gonçalves inclui igualmente uma rica decoração de mobiliário e objectos de decoração, também ela resultado da curiosidade e das muitas viagens do seu abastado dono original.

Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
A escolha do local de repasto, vulgo jantar, privilegia uma dupla opção, isto é, ou locais de reduzida dimensão a que vulgarmente se chama de tascas ou a um local que apresente uma ementa imediatamente reconhecível como pertencendo a uma geografia mais ou menos distante da nossa ou, dito de outro modo, a cozinha estrangeira.

Desta vez a escolha quedou-se pelo restaurante Merendinha do Arco, cujo nome deriva (em parte) por se situar no topo da rua dos Sapateiros que "desagua" no Rossio passando precisamente por um arco, situando-se mesmo em frente ao antigo animatógrafo do Rossio (com a sua belíssima fachada), cuja actividade mais recente é bem menos associada a uma qualquer das formas de arte conhecidas.

Trata-se de um restaurante pequeno (convém, por isso mesmo, marcar mesa) em dimensão mas de excelente qualidade que parece ser sobretudo conhecido por aqueles Clientes que nunca deixaram de o ser ao longo dos anos, tal é a familiaridade patenteada com os empregados.

Neste como em quase todos os roteiros que se seguirão dificilmente haverá uma sugestão de qualquer entrada, prato principal, sobremesa ou até do que se deverá beber, deixando a cada um a escolha entre a oferta disponível, no pressuposto que dificilmente ficará mal servido qualquer que seja essa mesma escolha.

LisBeer
O dia haveria de terminar numa espécie de catedral dos amantes da cerveja, de seu nome LisBeer, situada literalmente num beco com o curioso nome de Beco do Poço Escuro, relativamente perto do final da Rua da Madalena na direcção do rio.

Do alto das suas 250 variedades de cerveja para todos os gostos e feitios o difícil é mesmo escolher e, por isso mesmo, o melhor será retornar a este local às vezes que forem necessárias até que fique saciada a nossa curiosidade sobre o sabor ou a cor de uma qualquer cerveja de outras latitudes ou das muito em voga cervejas artesanais.

O dia termina. Seguir-se-à um novo Roteiro.

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