Costumo, por graça, dizer que adivinhar o euromilhões depois do sorteio é fácil, dificil mesmo é acertar antes desse mesmo sorteio.
Se não fosse tão grave confesso que me divertiria bastante a ouvir, como habitualmente o faço, as diversas opiniões do contigente de economistas quem hoje em dia analisam de forma sistemática a actual conjuntura económica, suas motivações e soluções para a mesma.
Curioso é, contudo, verificar que antes do surgimento da crise internacional e nacional não ter sido possivel obter destes mesmos economistas uma análise que permitisse na ocasião antecipar a referida crise e, já agora, como evitá-la.
Os senhores do BCE andaram durante meses a fio a aumentar as taxas de juro para controlar os "riscos inflaccionistas" (afinal parece que a deflacção ainda é pior...).
Por essa via milhares de familias passaram a ter de suportar juros da habitação quase em dobro do que a prestação inicial (apesar dos spreads baixos). Como consequência natural deixaram de poder pagar os respectivos empréstimos e os bancos ficaram com um nivel de crédito mal parado nunca antes visto.
Por outro lado, o valor das casas, face à redução na procura, começou a descer generalizadamente facto que agravou ainda mais a situação das familias e dos próprios bancos que, após accionamento das hipotecas ficaram com imoveis de valor substancialmente inferior ao que tinham financiado.
Aprendemos então uma palavra nova: subprime.
Eu não sou economista, é certo, mas parece-me que este cenário não teria sido dificil de prever. Adiante.
O Mundo (ou parte dele) entrou então em recessão, com as consequências que todos conhecemos, sendo a maior e mais gravosa delas o galopar do desemprego.
Serenados os ânimos, os bancos, devido à sua dificuldade em financiar-se começaram a aumentar os spreads bancários, ao mesmo tempo que as taxas de juro e euribor vão igualmente subindo.
Talvez fosse importante que algum dos inumeros economistas que actualmente falam sobre estas matérias possam perspectivar que a médio prazo as familias irão confrontar-se com um problema ainda mais grave. É que aos juros altos vão somar-se os spreads altos, e não me admira que nessa altura a história se volte a repetir muito mais cedo - e de forma muito mais dolorosa - do que todos esperamos.
Felizmente a economia é bastante menos aleatória do que o sorteio do euromilhões. Ou não será? Assim vão as cousas.
Sem comentários:
Enviar um comentário