domingo, 11 de julho de 2010

Bolo do caco

O nosso mundo está repleto de lideres, mais ou menos carismáticos, que sendo democráticamente eleitos para os cargos que ocupam, constituem eles próprios a subversão dos regimes democráticos.
Esta minha convicção - assente em demasiados casos concretos - prende-se com a nocção de que a democracia é, ela própria, um regime imperfeito.
Os lideres a que me refiro chegam, normalmente ao poder por via de uma eleição que lhes confere uma ampla maioria de apoiantes que serão, na prática, o suporte futuro da sua manutenção no poder.
Após a "tomada" do poder iniciam, passado pouco tempo, uma leitura da sociedade a partir do qual todos aqueles que não alinham pela vontade da maioria torna-se inimigos do desenvolvimento do país ou da região.
Tudo o resto acaba por se desenvolver de forma relativamente simples e célere.
O partido dominante passa a dominar parte dos orgãos de comunicação, subvencionando-os ao ponto de os tornar dependentes dos subsidios estatais. Não raras vezes o líder politico passa ele próprio a escrever uma coluna ou a ter "tempo de antena" a propósito de quase tudo mesmo que não seja sobre nada.
A aquisição de novos funcionários é feita de forma galopante criando numa legislatura um conjunto de dependentes do poder, seja na perspectiva da manutenção do seu posto de trabalho, seja na convicção de que de outra forma não poderão ganhar novos concursos.
Não raras vezes, contudo, estes locais pouco ou nada tem para oferecer, tão escassa são as suas riquezas naturais ou produtividade dos seus "nativos" e então tornam-se pedintes profissionais em função da natureza desfavorecida da sua região ou ainda dos custos da insularidade.
Não obstante tal dependência, é comum vê-los imbutidos de uma arrogância e sobranceria da "obra feita" (com o dinheiro dos outros) quais "filhos mal agradecidos", obrigando tudo e todos a assistir impávidos e serenos aos mais aberrantes dislates verbais, normalmente perante um silêncio que pouco ou nada tem de complacente mas que dificilmente se entendem.
As oposições, se existentes (ou resistentes) são relegados a um plano pouco mais do que decorativo, tal é o silêncio que se lhes é imposto por constituirem uma minoria.
E então, quem de nós se pode admirar que as reeleições se sucedam de forma natural e quase consensual?
Poderia lembrar nesta ocasião diversos nomes a quem a presente mensagem caberia integralmente, mas alguém dúvida que é exactamente isto que se passa na Madeira desde o 25 de Abril? Assim vão as cousas.

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